Carros elétricos com 300 km de autonomia podem dominar o mercado

Os avanços na mobilidade elétrica estão redefinindo a maneira como os consumidores enxergam a autonomia dos veículos elétricos. Atualmente, modelos como o Lucid Air oferecem mais de 900 km de alcance com uma única carga. No entanto, Peter Rawlinson, CEO e diretor de tecnologia da fabricante americana Lucid, acredita que o futuro do setor pode estar em carros com cerca de 300 km de autonomia.

Em uma recente entrevista, Rawlinson destacou que, com a expansão da infraestrutura de recarga, muitos motoristas perceberão que não precisam de autonomias tão elevadas. Dados do Departamento de Transporte dos Estados Unidos indicam que, em média, os motoristas americanos percorrem menos de 64 km por dia - no Brasil, dados indicam números ainda menores, entre 40 e 50 km diários. Com isso, um carro elétrico de 300 km de alcance seria suficiente para atender à maioria das necessidades diárias, especialmente em áreas urbanas.

Lucid Air - início de produção

Essa mudança de perspectiva pode acelerar a adoção de veículos elétricos, pois modelos com menor autonomia tendem a utilizar baterias menores e mais acessíveis. Segundo Rawlinson, um carro com cerca de 290 km de autonomia no ciclo EPA poderia operar com um pacote de bateria de aproximadamente 30 kWh. Isso resultaria em uma redução de custos significativa, principalmente ao adotar baterias de lítio-ferrofosfato (LFP), que atualmente têm custo estimado em cerca de 60 dólares (R$ 340) por kWh. Com isso, o preço da bateria poderia ficar entre 2.000 e 2.500 dólares (R$ 11.500 a R$ 14.200), tornando os veículos elétricos mais acessíveis para o consumidor final.

Outra questão levantada por Rawlinson diz respeito à infraestrutura de recarga. Ele argumenta que a indústria está excessivamente focada na carga rápida em corrente contínua (DC), enquanto a carga em corrente alternada (AC) deveria receber mais atenção. Segundo o executivo, carregadores AC são mais baratos e podem ser amplamente instalados, tornando a recarga noturna uma opção viável para a maioria dos motoristas.

Foto de: Fiat

Fiat Grande Panda: 320 km de autonomia WLTP

A fabricante americana já está trabalhando no desenvolvimento de um novo modelo elétrico de médio porte, previsto para 2026, que terá um preço estimado de 50.000 dólares (R$ 285.000). Esse veículo deverá equilibrar eficiência energética e custo reduzido, consolidando a visão de que veículos elétricos com menor autonomia podem ser uma solução viável e atraente no futuro.

BYD Dolphin Mini: autonomia real na casa dos 300 km

Essa tendência não se limita apenas a uma única marca. Outras montadoras já começam a oferecer modelos com autonomia próxima a 300 km. O Fiat Grande Panda, por exemplo, homologou 320 km no ciclo WLTP, indicando que esse pode ser um novo padrão para veículos elétricos de entrada e uso urbano.

No Brasil, o BYD Dolphin Mini vem equipado com uma bateria de 38,8 kWh, oferecendo uma autonomia próxima de 300 km com uma carga. Outro modelo nessa faixa é o Ora 03 Skin, enquanto o Renault Kwid E-Tech alcança cerca de 250 km.

Ora 03 Skin também tem alcance na faixa dos 300 km

A adoção em larga escala de veículos elétricos depende não apenas de maior autonomia, mas também de custos mais acessíveis e infraestrutura de recarga eficiente. Se a visão de Rawlinson estiver correta, os carros elétricos com cerca de 300 km de autonomia devem representar uma alternativa cada vez mais viável nos próximos anos.