Carde apresenta oficialmente três de seus carros mais raros e valiosos

há 3 dias 3

Quatro meses depois de sua inauguração oficial, em novembro passado, o Carde, museu de Campos do Jordão (SP) que reúne carros, arte, design e educação, fez a apresentação oficial de três automóveis de seu acervo: Ferrari 212 Vignale, Pegaso Z-102 e o Tucker ‘48.

Esse trio de altíssimo nível para qualquer coleção do mundo chegou dos Estados Unidos no fim do ano passado e já estava em exibição desde janeiro. Agora, os responsáveis pelo museu decidiram fazer uma espécie de lançamento para a imprensa.

O acervo do Carde tem mais de 500 automóveis — destes, “apenas” 100 são exibidos simultaneamente. Os outros servem como reserva técnica para renovar as exposições de tempos em tempos, fazendo uma nova visita valer a pena.

Ferrari 212 Inter Coupé 1953

Foto de: Museu Carde

Ferrari 212 Inter Coupé 1953

Ferrari 212 Inter Coupé 1953

Embora Enzo Ferrari tenha construído sua reputação com o sucesso de seus carros de corrida, foi o êxito financeiro de seus modelos de rua que garantiu a continuidade da empresa no automobilismo. À medida que a Ferrari crescia, esses dois aspectos tornaram-se inseparáveis — um não poderia prosperar sem o outro. Com o lançamento do modelo 166 em 1948, um dos primeiros carros de competição bem-sucedidos da Ferrari, a marca também apresentou a versão Inter, mais luxuosa voltada para uso em estradas, em vez de corridas.

O modelo 212 sucedeu o 166 no final de 1950 e foi produzido até 1953. Esses carros receberam um motor V12 Colombo com cilindrada ampliada de 2 litros para 2,5 litros, garantindo maior potência (170 cv, contra 130 cv). O chassi, baseado no do 166 MM, foi modificado para acompanhar o aumento de desempenho.

O 212 estava disponível em duas versões: Export, preparada para competição e identificada por números de chassis pares, e Inter, destinada ao uso em estrada e com números de chassis ímpares. Como era costume na Ferrari da época, os clientes podiam escolher o encarroçador responsável pela carroceria e acabamento do carro, havendo diversas opções, com estilos distintos. Uma das mais marcantes e impressionantes era a Vignale, de Turim.

O carro que está no acervo do Carde foi o 23º dos 26 exemplares do 212 Inter com carroceria Vignale. Construído no início de 1953, tem o chassi 0285 EU. Foi finalizado em vermelho com teto preto e recebeu forração bege. Enviado zero-quilômetro para o importador Luigi Chinetti, em Nova York, foi vendido inicialmente ao senador Theodore Newell Wood (1909-1982), um apaixonado por corridas. Wood ficou cerca de 20 anos com o cupê.

Desde então, o #0285 EU já passou por muitos donos, mas sempre foi bem conservado. É um dos poucos 212 Inter sobreviventes que permanecem em condição não restaurada. Foi arrematado em um leilão nos EUA e trazido ao Carde. Quanto vale um carro desses? Pense em algo em torno de US$ 2 milhões, fora despesas de importação…

Pegaso Z-102 Berlineta Série II 1954

Foto de: Museu Carde

Pegaso Z-102 Berlineta Série II 1954

Pegaso Z-102 Berlineta Série II 1954

O engenheiro catalão Wifredo Ricart (1897-1974) fazia seus próprios automóveis na década de 1920 antes de ingressar na Alfa Romeo, em 1936. Na casa italiana, ele projetou o Tipo 512, um dos primeiros carros de Grand Prix com motor central-traseiro.

Depois da Segunda Guerra, Ricart foi chamado para liderar a criação de um novo grupo automotivo espanhol, a Enasa (Empresa Nacional de Autocamiones, S.A.), a ser construído sobre os restos da histórica Hispano-Suiza.

O objetivo principal da Enasa era fazer os caminhões e ônibus Pegaso, mas logo Ricart já estava construindo carros esportivos sob o pretexto de divulgar mundialmente o nome da marca, além de atrair e treinar uma força de trabalho qualificada. Assim nasceu, em 1951, um rival espanhol para as Ferrari da época.

O Pegaso Z-102 tinha motor V8 dianteiro com bloco e cabeçotes de alumínio, 2,5 litros (cilindrada que aumentou para 2,8 litros com o tempo), quatro comandos, câmaras hemisféricas e cárter seco. O câmbio de cinco marchas ia na traseira, atrelado ao diferencial (transaxle). Outros destaques técnicos eram a suspensão dianteira independente de duplo A, eixo traseiro De Dion e freios a tambor traseiros montados internamente.

A Pegaso vestiu os primeiros protótipos do Z-102 com carroceria de aço de design próprio, incluindo o carro que estreou no Salão de Paris de 1951. Depois, recorreu a renomados encarroçadores como Saoutchik, de Paris, Carrozzeria Touring, de Milão, e Carroceria Serra, de Barcelona, para finalizar a maioria dos exemplares de produção.

Fabricado entre 1951 e 1958, o Z-102 era extremamente caro de produzir e, como consequência, difícil de vender. Apenas 84 unidades foram feitas antes que o governo espanhol encerrasse o projeto. Ricart ainda tentou levar os esportivos adiante, desenvolvendo o Z-103, com um motor V8 mais simples. Mas já era tarde demais: apenas três unidades do novo modelo foram construídas e a Enasa voltou a se concentrar apenas na fabricação de caminhões e ônibus.

Dos apenas 84 exemplares do Pegaso Z-102 produzidos, 18 receberam carroceria Saoutchik. É o caso da Berlineta Série II chassi 0148, que foi exibida no Salão de Paris de 1954 e, agora, pode ser vista de perto no Carde.

Ainda nos anos 50, esse exemplar foi adquirido por um piloto da Força Aérea dos Estados Unidos que estava servindo em Madri. Ao regressar a seu país, o militar levou o carro, conservando-o até 1989. Desde então, o Pegaso chassi 0148 já passou por vários donos e duas restaurações completas. Originalmente branco com o teto cinza metálico, já foi vermelho, preto e voltou ao padrão de pintura original.

Esse Pegaso do Carde é um dos apenas três Saoutchik Série II que ainda mantêm seus principais componentes originais. O motor V8 de 2,8 litros — com quatro comandos, dois carburadores Weber quadrijet e 195 cv — ainda é o mesmo que veio de fábrica, bem como a complexa transmissão. O carro foi premiado nos principais eventos de clássicos nos EUA, incluindo o concurso de elegância de Pebble Beach e Amelia Island. Preço desse magnífico cavalinho voador? Algo em torno de US$ 900 mil, sem falar nos custos de importação.

Tucker '48 de 1948

Foto de: Museu Carde

Tucker '48 de 1948

Tucker '48 1948

Outro carro que está sendo exibido no Carde desde janeiro, mas só foi apresentado oficialmente à imprensa esta semana, é o badalado Tucker ‘48. Já contamos aqui, em detalhes, toda a sua história.

Trata-se, simplesmente, do Tucker 48 chassi #1003 — o terceiro entre apenas 51 exemplares construídos. Esse exato automóvel já pertenceu a ninguém menos que o cineasta George Lucas, criador de “Star Wars” e “Indiana Jones”, além de produtor executivo do filme “Tucker, um homem e seu sonho” (1988).

Em agosto do ano passado, durante a Monterey Car Week, na Califórnia, esse Tucker foi arrematado em um leilão por US$ 1.380.000. Por sua raridade, história, exotismo e estado de conservação, já é uma das principais estrelas do Carde.

Impecavelmente restaurado, pintado em seu Royal Maroon (bordô) original, o #1003 é o segundo Tucker existente no país. O outro é o exemplar #1035, que chegou aqui entre dezembro de 1948 e janeiro de 1949, foi rifado incontáveis vezes, recebeu chassi e mecânica Cadillac na década de 50 e hoje está no Museu Roberto Lee, em Caçapava (SP), exibido com todas as cicatrizes de sua atribulada história.

Assim, hoje o Brasil tem dois Tucker — um a apenas 65 quilômetros de distância do outro… Será que um dia vamos vê-los juntos?

“Temos trabalhado de forma constante para sempre apresentar novidades para nossos visitantes. Desde a chegada de novos modelos, como esses três que estamos apresentando, até nossas ações exclusivas em datas comemorativas como o carnaval, quando fizemos desfiles de corsos carnavalescos, reforçando sempre nossa meta de educação e cultura para a população, que são os principais pilares da Fundação”, explica Luiz Goshima, idealizador do projeto e diretor-executivo do museu, que também atua como conselheiro e membro honorário da Fundação Lia Maria Aguiar.

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