Ao renovar o compromisso com a responsabilidade fiscal e a autonomia do Banco Central, em recente pronunciamento realizado na presença de Gabriel Galipolo e de Haddad, Lula acabou reconhecendo a gravidade da situação.
Não se brinca com dólar e juros. A inflação está pressionada, as expectativas e projeções mostram-se pressionadas. As razões são múltiplas, mas nada têm que ver com o chamado ataque especulativo. Este ocorre quando há uma ação maciça contra determinada moeda. Hoje, o real está desvalorizado, porque o governo perdeu a oportunidade de restabelecer a normalidade, após as eleições americanas.
Na esteira das promessas que ele próprio fez, indicando reconhecer a necessidade de conter o crescimento do gasto público, o mercado se animou e entrou em compasso de espera. As medidas não só tardaram, como foram enfraquecidas por membros do próprio governo.
O déficit esperado para 2025 é o dobro do estimado para 2024. O governo precisará de um contingenciamento de mais de R$ 35 bilhões para cumprir o piso (R$ 31 bilhões) da meta zero. Para ter claro, entregar um déficit de mais de R$ 75 bilhões, lembrando que parte dos precatórios não entra na checagem da meta oficial, demandará um corte da magnitude acima apontada.
Isso já contemplando os efeitos do pacote recém-aprovado no Congresso. É que as medidas são corretas e boas, mas insuficientes. O Orçamento está recheado de receitas atípicas e incertas. São impressionantes R$ 168 bilhões somente em receitas catadas e juntadas de todos os lados para produzir uma falsa conta zero no papel. Eis aí a grande fragilidade, que requer muito mais esforço, portanto, do que o que se anunciou e se aprovou no pacote fiscal.
O Presidente Lula sabe que contas públicas em frangalhos destroem qualquer solidez econômica. Os atuais indicadores positivos representam uma situação superada. A realidade torna-se mais difícil quando avistada pelo para-brisa. A outra, a do retrovisor, dos indicadores de 2024, ficou para trás.