O Congresso dos EUA precisa encontrar um acordo nesta sexta-feira (20) para evitar uma paralisação do governo federal a partir das 0h deste sábado (21).
Na quarta-feira, os partidos Republicano e Democrata anunciaram um acordo para o financiamento do país, mas os republicanos voltaram atrás após críticas feitas pelo presidente eleito, Donald Trump.
Depois das críticas, houve a formulação de um novo texto, mas a Câmara dos Representantes rejeitou o projeto de lei de financiamento, que desta vez tinha o apoio de Trump. O novo texto teve 174 votos a favor e 235 contrários nesta quinta-feira (19).
O acordo criticado por Trump teria estendido os gastos do governo até 14 de março, enviado bilhões de dólares para comunidades atingidas por desastres naturais e suspendido os limites de empréstimos federais por dois anos— uma prioridade crucial para o presidente eleito.
Após a votação dessa quinta, Trump reiterou sua exigência por um projeto de lei de gastos que eliminasse o teto da dívida, que restringe quanto o governo pode emprestar. "O Congresso deve se livrar, ou estender até, talvez, 2029, o ridículo Teto da Dívida", escreveu em sua plataforma Truth Social. "Sem isso, nunca deveríamos fazer um acordo."
A Câmara e o Senado precisarão trabalhar rapidamente para aprovar um projeto de lei a tempo de enviá-lo ao presidente Joe Biden e evitar uma paralisação do governo, após os legisladores pausarem as discussões na noite de quinta-feira.
"Vamos nos reagrupar e encontrar outra solução", disse o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, após a votação. A Câmara tem maioria republicana, partido de Trump.
O projeto de quinta-feira ficou muito aquém da maioria de dois terços necessária para passar. Em um sinal do desafio para Johnson, 38 republicanos votaram contra a medida.
Trump havia instado republicanos e democratas a votarem a favor do projeto. Os democratas atacaram a proposta, com o líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, chamando-a de "não séria". "É risível", afirmou antes da votação.
"Os republicanos extremistas do Maga (lema da campanha de Trump: Tornar os EUA grande novamente) estão nos levando a uma paralisação do governo", criticou Jeffries.
Caso o projeto não seja sancionado até as 23h59 desta sexta, os serviços públicos federais serão interrompidos, com centenas de milhares de funcionários ficando sem trabalhar, as prestações sociais serão congeladas e haverá fechamento de órgãos públicos, museus, parques e até creches administradas pelo poder público.
Além de Trump, o bilionário Elon Musk também pressionou Johnson e outros republicanos a recusarem o acordo estabelecido na quarta-feira e alterar o texto.
Trump então fez os republicanos da Câmara correrem quando se posicionou contra esse projeto, em grande parte porque ele não aumentava também o teto da dívida do governo.
O primeiro projeto de lei provisório de três meses havia sido negociado entre líderes congressistas republicanos e democratas. Ele teria mantido os níveis atuais de gastos até 14 de março e gasto bilhões de dólares em ajuda a agricultores e alívio de desastres. Até lá, os republicanos terão controle tanto do Congresso quanto da Casa Branca.
Também continha disposições não relacionadas, incluindo um aumento salarial para membros do Congresso, restrições ao investimento em tecnologia na China e um caminho mais fácil para o time de futebol americano Washington Commanders transferir seu estádio do estado de Maryland para a cidade de Washington.
Folha Mercado
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Mas o projeto inicial não tocava no limite da dívida, que deve expirar nos primeiros meses do segundo mandato de Trump.
Trump chamou o projeto de "armadilha democrata" e ameaçou membros republicanos de que lançaria aliados nas primárias contra eles na próxima eleição se votassem para apoiar uma medida de gastos de curto prazo sem aumentar o teto da dívida.
"Se não conseguirmos (um acordo), então teremos uma paralisação, mas será uma paralisação de Biden, porque paralisações só recaem sobre a pessoa que é presidente", disparou Trump em entrevista à ABC News.
A crise legislativa também colocou a liderança de Johnson em dúvida, com membros da extrema-direita como Marjorie Taylor Greene cogitando que Musk poderia substituí-lo no posto.
O teto da dívida é um problema para os legisladores, que suspenderam o limite de empréstimos até 1º de janeiro em um acordo alcançado no ano passado.
Para emprestar além desse limite, o departamento do Tesouro pode usar o que chama de "medidas extraordinárias" para cobrir novas despesas sem ultrapassar o limite.
Isso pode dar tempo ao governo antes de ter que se preocupar com um possível calote —um resultado desastroso para a maior economia do mundo.