Imagine estar em uma estrada e saber que há um trecho complicado logo à frente. O GPS do automóvel já sinalizou que o caminho exigirá paciência, mas a dúvida que fica é: será que a subida será mais íngreme do que o esperado? Essa é a sensação dos investidores antes da reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), que se encerra amanhã. O mercado já precificou novas altas da Selic, mas o tom da comunicação do Banco Central pode mudar tudo.
A XP Investimentos divulgou hoje um relatório detalhado sobre o cenário econômico e os possíveis desdobramentos desta aguardada decisão. A equipe de macroeconomia da casa, liderada por Caio Megale, projeta, em linha com o indicado na última reunião e esperado pelo mercado, um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, levando-a para 13,25% ao ano.
Entretanto, mais do que isso, eles esperam que o Comitê mantenha um tom duro, conhecido como "hawkish", indicando que os juros seguirão subindo mais 1%, 0,75% e 0,5%, respectivamente, nas próximas reuniões. Megale aposta que a taxa Selic pode chegar a 15,50% antes de estabilizar, e os dados de inflação reforçam essa preocupação.
A inflação, medida pelo IPCA continua pressionada, e as expectativas para os próximos anos já começaram a subir. No relatório, a XP aponta que a projeção para o IPCA de 2025 subiu de 4,5% para 5%, e para 2026 passou de 3,8% para 4%. Esses números mostram que a batalha contra a inflação está longe do fim.
Enquanto isso, a curva de juros já reflete essa percepção, com os títulos de longo prazo mantendo taxas de juros elevadas. Para os investidores, isso significa que o custo de oportunidade de manter posições em ativos de risco aumentou. O relatório da XP destaca que títulos pós-fixados e indexados ao IPCA com vencimentos intermediários seguem como boas opções, já que oferecem proteção contra a inflação e capturam os juros altos atuais.
Outro fator importante que pode influenciar a decisão do Banco Central é a pressão cambial. O dólar teve forte valorização nos últimos meses, refletindo a saída de capital estrangeiro e um cenário externo desafiador. A alta do câmbio pressiona ainda mais a inflação e pode reforçar a necessidade de juros elevados por mais tempo.
Além da decisão sobre a taxa Selic, a grande expectativa do mercado é em relação ao comunicado que será divulgado. Qualquer sinalização de que o Banco Central pode prolongar ainda mais o ciclo de alta ou mudar sua estratégia pode provocar reações imediatas nos ativos financeiros. Isso inclui desde os títulos públicos até o comportamento da Bolsa e do câmbio.
A grande lição para os investidores é que, em momentos de alta volatilidade, manter a disciplina e um planejamento claro faz toda a diferença. O cenário é desafiador, mas isso não significa que não existam oportunidades. Pelo contrário, os períodos de maior incerteza costumam ser aqueles que geram os melhores retornos para quem sabe onde procurar. Portanto, Este pode ser o momento ideal para revisar sua carteira e garantir que suas escolhas estejam alinhadas com seu perfil e objetivos.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
Fale comigo no Direct do Instagram.
Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.