A decisão do Fed (Federal Reserve) de manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50%, após uma sequência de três cortes consecutivos no final de 2024, tende a influenciar a política monetária e as taxas de câmbio em todo o mundo.
Isso não significa, no entanto, que outras economias irão seguir os mesmos passos do banco central norte-americano neste momento.
O Brasil, por exemplo, está em um processo de alta de juros desde o ano passado, na contramão do movimento registrado na maior parte das economias mais relevantes, que seguem mantendo ou reduzindo suas taxas.
Nesta quarta (29), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a sua taxa básica (Selic) de 12,25% para 13,25% ao ano, prevendo um aumento de mais um ponto percentual em sua próxima reunião.
No caso brasileiro, a decisão do Fed —e também as incertezas sobre a política econômica do governo Donald Trump— atrapalha a vida do Banco Central.
No comunicado da sua decisão desta quarta, o Copom afirma que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes em relação à política monetária. Principalmente, em função da política econômica nos Estados Unidos, que gera dúvidas sobre a postura do Fed.
O Banco Central Europeu, por outro lado, enfrenta outros desafios e deve seguir cortando suas taxas, avalia o professor da UnB (Universidade de Brasília) José Luis Oreiro, citando o risco de recessão na Alemanha, a maior economia da União Europeia. Membros do Banco Central da Inglaterra também sinalizam a necessidade de flexibilizar a política monetária.
Oreiro afirma que, na medida em que a taxa de juros norte-americana é mantida em um patamar relativamente alto, existe um incentivo para os investidores internacionais manterem recursos aplicados em investimentos de renda fixa nos Estados Unidos, o que valoriza o dólar frente a todas as demais moedas —incluindo o real e o euro.
"Como a taxa de câmbio tem um impacto importante sobre a inflação, essa decisão do Federal Reserve, de adiar a continuidade do movimento de redução de juros, vai pressionar a política monetária brasileira, mais do que já vinha sendo pressionada", afirma.
Os mercados financeiros reconhecem os títulos da dívida norte-americana como livres de risco, o que faz do governo dos Estados Unidos a instituição considerada como mais segura para aplicações financeiras. Com isso, as suas taxas tendem a ficar entre as mais baixas de todo o sistema internacional.