O S&P 500 entrou em território de correção nesta quinta-feira (13), caindo abaixo de um marco simbólico importante em meio à ansiedade dos investidores sobre a política comercial e a inflação dos Estados Unido.
O índice de ações que reúne as 500 principais empresas norte-americanas recuou 1,39%, a 5.521 pontos—uma queda de mais de 10% em relação ao fechamento recorde no mês passado. Uma correção é definida como uma queda de pelo menos 10% a partir de um pico.
O Dow Jones caiu mais de 1%, enquanto o Nasdaq Composite encerrou a sessão quase 2% mais baixo.
Wall Street tem se preocupado com a direção das políticas tarifárias do governo Donald Trump, que têm sido implementadas de forma esporádica e confundido os investidores.
As ações também foram arrastadas para baixo por preocupações sobre o crescimento econômico mais lento em um momento em que a inflação ainda não está tão baixa quanto o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) esperava. Vários bancos de investimento disseram recentemente que acham que as chances de uma recessão estão aumentando.
"Resta saber se todas as mudanças na economia e nas alianças transatlânticas levarão a uma recessão ou a taxas de crescimento mais altas no futuro", disse Chris Zaccarelli, diretor de investimentos da Northlight Asset Management. "Mas, enquanto isso, uma postura mais cautelosa e avessa ao risco é justificada."
O S&P 500 afundou depois que Trump ameaçou escalar uma guerra comercial com a União Europeia ao impor uma tarifa de 200% sobre o vinho, champanhe e outras bebidas alcoólicas europeias. Foi uma resposta ao anúncio de que o bloco irá impor, mês que vem, uma tarifa de 50% sobre o uísque dos EUA, retaliatória sobre as tarifas de aço e alumínio impostas na quarta.
Os funcionários do governo defenderam o uso agressivo de tarifas, apesar da recente volatilidade do mercado e dos temores contínuos de uma desaceleração econômica.
O próprio Trump se recusou a descartar uma recessão durante uma entrevista no domingo, observando que levará "um pouco mais de tempo" antes que os americanos vejam um retorno de suas políticas. Na terça-feira, o Secretário de Comércio Howard Lutnick disse à CBS News que a política comercial de Trump "vale a pena", mesmo que leve a uma recessão.
Folha Mercado
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Dados econômicos positivos nesta semana não aliviaram as preocupações do mercado. O índice de preços ao produtor, que mede o custo de produção de bens de consumo, ficou estável em fevereiro, de acordo com dados divulgados na quinta-feira. A leitura melhor do que o esperado vem após a inflação ter diminuído ligeiramente em fevereiro, fornecendo um sinal inesperado de progresso no combate à alta inflação.
Essas métricas fornecem um "lado positivo para o crescimento lento", disse Adam Turnquist, estrategista técnico chefe da LPL Financial, mesmo quando o mercado mais amplo se aproxima de "território esgotado".
Mas a perspectiva para a inflação depende mais de "tarifas, deportações e DOGE [Departamento de Eficiência Governamental, na sigla em inglês]" do que de dados econômicos retrospectivos de fevereiro, disse Bill Adams, economista-chefe do Comerica Investment Bank.
"Em resumo, as más notícias ainda não chegaram nas estatísticas econômicas", disse Adams. "Os mercados financeiros estão prestando mais atenção aos anúncios da Casa Branca sobre tarifas e cortes de empregos do que aos números concretos."
Os varejistas estão observando o lançamento das tarifas de Trump. Uma série de empresas reduziu suas expectativas para este ano, prevendo que a incerteza econômica e a pressão tarifária poderiam minar os gastos dos consumidores.
As recentes quedas do mercado, disse Adams, atingiram especialmente as ações de tecnologia —uma mudança para um setor que normalmente sustenta o mercado mais amplo. Entre as chamadas ações Magnificent 7, seis delas —Alphabet, Amazon, Apple, Microsoft, Nvidia e Tesla— caíram 10% ou mais no ano. A única exceção, Meta, permanece ligeiramente em alta no acumulado do ano.