Aço e alumínio já foram taxados. Medida começou a valer ontem, com taxa de importação de 25% dos produtos nacionais. Apesar de o impacto ser estimado em R$ 8,7 bilhões, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o impacto real pode significar apenas 0,01% do PIB (Produto Interno Bruto) e 0,03% das exportações totais do Brasil.
Etanol é um dos produtos que está na mira. Desde o ano passado, a Camex (Câmara de Comércio Exterior do Brasil) estabeleceu tarifa de 18% sobre as importações de etanol dos Estados Unidos. Já o produto brasileiro vendido aos americanos paga 2,5%. Apesar de ser o segundo país que mais compra etanol brasileiro, menos de 20% de todo o produto exportado vai aos Estados Unidos. Avaliação feita por especialistas ao UOL aponta que o impacto será pequeno para o Brasil
Polietileno, um tipo de plástico, também pode ser taxado por Trump. Hoje, o Brasil cobra 20% de taxa de produtos químicos importados, mas o índice pode aumentar para 41%. Está em andamento, desde novembro passado, uma investigação antidumping sobre a importação das resinas do Canadá e Estados Unidos. Dumping é uma prática comercial em que uma empresa vende o produto para o mercado externo por um preço inferior ao valor real. Os Estados Unidos são responsáveis por 70% de todas as importações para o mercado brasileiro, ainda conforme o levantamento do mercado privado.
Reciprocidade pode chegar ao mercado de saúde, visto como oportunidade pelos americanos. O setor privado aponta que a legislação brasileira é desatualizada e emperra cadeias de suprimentos e limitam o acesso a produtos essenciais de saúde —e, consequentemente, a vinda deles para cá. Não há nenhum aceno oficial nesse sentido, mas a hipótese é que Trump possa "dificultar" a presença de empresas brasileiras do setor.
Mesma situação pode acontecer com as telecomunicações, indústria farmacêutica e a propriedade intelectual. Os setores entraram na mira das críticas do mercado americano, mas ainda não foram citadas oficialmente pelo presidente americano.
Para negociadores brasileiros, ficou evidente que a Casa Branca usará o comércio como arma de barganha. Mas, no caso do Brasil, o argumento do governo e do setor privado é de que a relação já é favorável aos americanos, e que a justificativa de Trump faria pouco sentido. Uma análise do fluxo comercial entre os dois países a partir de dados oficiais mostra que o Brasil cobra, em média, 11% de taxa de importação dos produtos vindos do restante do mundo, contra cerca de 5% do que vem dos EUA.