No entanto, essas tensões podem abrir oportunidades para o Brasil. Com o México potencialmente sob novas barreiras comerciais, nosso país poderia atrair parte dos investimentos inicialmente previstos para a América do Norte.
A BYD, por exemplo, já investe por aqui, com a implantação do complexo industrial na Bahia, focando na produção de veículos elétricos para o mercado local e exportação.
O Brasil como alternativa para montadoras chinesas
Com as barreiras comerciais dificultando cada vez mais a entrada das marcas chinesas nos EUA, o Brasil pode se consolidar como o maior mercado para veículos elétricos asiáticos no ocidente.
Já em 2023, o país viu um aumento expressivo nas importações de automóveis elétricos, colocando o Brasil como um dos principais destinos para as fabricantes que buscam expandir fora do território americano.
Além disso, caso uma política mais protecionista prevaleça nos Estados Unidos, a América Latina, e especialmente o Brasil, poderá ser vista como uma zona de escape para as empresas chinesas. Isso pode resultar em uma concorrência mais acirrada no setor, beneficiando o consumidor brasileiro com preços mais competitivos e uma maior oferta de veículos. O desafio será fazer o mercado absorver todo esse volume.
Desafios para o crescimento dos elétricos no Brasil
Apesar das oportunidades, o Brasil enfrenta uma série de desafios internos para sustentar o crescimento do mercado de veículos eletrificados. Em entrevista, o consultor automotivo Ricardo Bacellar ressaltou problemas cruciais que podem dificultar a expansão do setor.
Um dos maiores gargalos está na "infraestrutura de recarga", que não acompanha o ritmo de crescimento da frota de veículos elétricos. Bacellar explica que isso pode frustrar os consumidores à medida que mais veículos entram no mercado e menos pontos de recarga estão disponíveis.
Outro ponto crítico é o pós-venda. À medida que o mercado de veículos elétricos cresce no Brasil, começam a surgir problemas relacionados à "disponibilidade de peças e mão de obra especializada". Bacellar destaca que, sem uma rede de suporte eficiente, o consumidor poderá sofrer com carros parados por longos períodos, prejudicando a imagem das montadoras e a confiança no mercado.
O Brasil tem vantagens inegáveis para liderar a transição para a eletrificação, como sua matriz energética limpa e diversificada. "Ironia do destino, o Brasil é um país perfeito para ter carro elétrico", destaca Bacellar. No entanto, como explica a especialista, essas vantagens não serão suficientes sem uma infraestrutura adequada e uma rede de suporte.
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Opinião
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