Em 2023, pelo menos 23% do pessoal ocupado no país estava associado a uma cooperativa. Os cooperados somavam 23,45 milhões. O setor gerou 551 mil empregos diretos, com evolução de 5% sobre o número do ano anterior.
Com avanços constantes nos anos recentes, principalmente na agropecuária, setor que lidera o cooperativismo, a movimentação financeira subiu para R$ 692 bilhões, com crescimento de 5,5% sobre 2022.
A meta é atingir R$ 1 trilhão nos ingressos financeiros, considerados o faturamento de uma empresa normal, em 2027. Em ativos, o setor já ultrapassa essa marca, somando R$ 1,2 trilhão.
Os dados são da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), que divulgará os números do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024 nesta quarta-feira (31).
Para Márcio Lopes de Freitas, presidente da entidade, é importante dar visibilidade a esses indicadores. Eles mostram que esse modelo de negócio cresce de forma sólida e constante.
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O número de cooperativas, porém, cai. No ano passado eram 4.509 no país, 8% a menos do que em 2021. Nesses dois anos, no entanto, o número de cooperados subiu 24%.Essa queda na quantidade de cooperativas se dá por fusões, que permitem redução de custos e condições mais viáveis economicamente.
Dificuldades financeiras registradas por algumas delas também são causas dessa redução no número de cooperativas e elevação de fusões.
As agropecuárias, somando 1.179 e liderando o número no país, têm o menor ritmo de queda. A redução foi de 1% no ano passado. Já as de transporte tiveram a maior desaceleração, caindo para 790, um recuo de 11%, em relação a 2022.
O Sudeste concentra 36% das cooperativas, o maior número do país, mas é do Sul que vêm os dados mais expressivos do setor. Os cooperados do Sul somam 11,5 milhões, 39% da população da região. Em Santa Catarina, esse percentual chega a 56%, segundo a OCB.
Avanços produtivos, principalmente na agropecuária, têm levado o cooperativismo a participar cada vez mais do mercado externo, inclusive com uma participação maior de produtos de valor agregado.
No ano passado, conforme dados do Agrostat, 7,1% das exportações do agronegócio foram feitas por cooperativas que têm convênio com a ApexBrasil.
Em 2023, os números da balança comercial indicaram que 61,2% dos bens exportados pelas cooperativas tinham algum grau de processamento industrial.
Os dados do sistema Agrostat, responsável pela divulgação dos dados da balança comercial do agronegócio brasileiro, indicaram que 7% dos produtos importados do Brasil pela Alemanha e pelo Japão saíram de cooperativas.
O percentual da China, maior compradora de commodities do Brasil, foi de 2,6%, e a participação dos Estados Unidos ficou restrita a 0,9%.
Na lista dos principais itens mais exportados, estão carne de frango, soja, café, farelo de soja e carne suína.
O Sul sempre teve uma presença maior no cooperativismo, uma tradição trazida pelos imigrantes europeus. As cooperativas do Paraná lideram as vendas externas. No ano passado, ficaram com 48,5% das receitas obtidas por essas entidades. A seguir vieram Santa Catarina (19%) e Minas Gerais (12,5%).
As sobras financeiras do exercício passado, volume que volta para o cooperado, foram de R$ 39 bilhões. Os paranaenses ficaram, em média, com R$ 2.791 cada um, o maior valor distribuído no país.
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O período de bons preços e de produção recorde nos anos recentes permitiu gastos maiores com investimentos em recursos humanos e em salários pelo setor. Em 2023, foram R$ 31,8 bilhões, 71% a mais do que em 2021.
Se há uma reacomodação no número de cooperativas por meio de fusões, há também um avanço na criação de novas unidades. O número de cooperativas de até cinco anos subiu para 628, com aumento de 25%.
Pelos dados da OCB, as cooperativas constituídas há mais de 40 anos são 15% do total; as com até cinco anos, 14%. A concentração maior ocorre nas de 21 a 40 anos, que somam 38%.
A atividade cooperativista avaliada pela entidade engloba sete ramos, que são agropecuário, consumo, crédito, infraestrutura, saúde e transporte, além de trabalho, produção de bens e serviços