A principal delas é que o comprador deve manter o veículo por, no mínimo, 12 meses. Caso não cumpra esse resguardo, fica sujeito a sanções que variam conforme o estado. Mas o exemplo de uma Fiat Titano Ranch mostra que, ainda assim, pode compensar.
Para as pessoas físicas, a picape média sai por R$ 259.990, ao passo que, na venda direta, ela custa R$ 205.390 (21% de desconto). Se duas Titano forem compradas hoje — sendo uma via CPF e outra via CNPJ —, ambas terão o mesmo valor de mercado daqui a 12 meses: cerca de R$ 220.000, segundo a Tabela Fipe.
Caso a pessoa física venda sua Titano, terá "prejuízo" de R$ 39.990. A pessoa jurídica, por outro lado, lucraria R$ 14.610. Essa discrepância é o que torna a venda direta tão atrativa, e a Receita Federal criou um método para tentar "punir" quem usa o CNPJ para especular sem atrapalhar quem realmente aproveita o desconto para desenvolver a atividade econômica.

Funciona da seguinte forma: para fins contábeis, deve ser calculada uma depreciação de 1/5 do valor de venda direta a cada ano, explica a contadora Laís Narciso. Se o carro for vendido acima desse valor hipotético, incide um imposto de 15% na diferença.
No exemplo da Fiat Titano para CNPJs, o valor contábil da picape após 12 meses será de R$ 164.312. Logo, se a revenda ocorrer a R$ 220.000, o Fisco recolherá R$ 8.353 em tributos. A matemática fica ainda mais complexa quando a venda direta é de um carro com pouca desvalorização e a revenda para um segundo dono ocorre após alguns anos.