Tarcísio nomeia servidor demitido por Lula por participar de reunião golpista com Bolsonaro

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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nomeou para cargo de confiança em sua gestão um servidor federal exonerado da AGU (Advocacia-Geral da União), no governo Lula (PT), após a descoberta de sua presença na reunião de teor golpista promovida por Jair Bolsonaro (PL) em 5 de julho de 2022.

Tarcísio publicou um decreto nesta quinta-feira (19) nomeando Adler Anaximandro Alves para a presidência do conselho administrativo da SPPrev (São Paulo Previdência), em substituição a Marina Brito Battilani, que havia sido secretária de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência na gestão Bolsonaro e foi nomeada diretora-presidente da SPPrev no último dia 10.

O órgão é o gestor único dos regimes próprios de previdência dos servidores civis e militares paulistas.

Alves é procurador federal de carreira desde 2003. Na reunião de julho de 2022, ele ocupava o posto de secretário-geral de Consultoria da AGU e acompanhou o então advogado-geral da União, Bruno Bianco.

Alves é o segundo integrante da reunião a obter cargo no governo Tarcísio. O então controlador-geral da União, Wagner Rosário, é o atual controlador-geral do Estado.

Não há registro de manifestações de Alves na reunião de teor golpista. Seu chefe defendeu, entre outros pontos, que as Forças Armadas eram integrantes do processo eleitoral e que Bolsonaro tinha legitimidade para questionar as urnas.

Já Rosário disse que a CGU deveria atuar em conjunto com a Polícia Federal e as Forças Armadas para dar força à atuação crítica dos militares ao sistema eleitoral.

O vídeo foi descoberto pela PF em fevereiro de 2024, em um computador do ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Na ocasião, o servidor permanecia na AGU, ocupando cargo de coordenador na Diretoria de Gestão e Cálculo da Procuradoria-Geral Federal do órgão, em nomeação feita pelo AGU de Lula, Jorge Messias.

Ao comunicar a demissão de Alves, no mesmo mês, a AGU divulgou nota informando ter aberto uma "instrução preliminar, de natureza investigativa, para verificar se houve transgressão disciplinar" contra o servidor. A portaria que comunica sua dispensa informa que foi "a pedido".

A Folha questionou a AGU sobre os resultados da instrução preliminar, mas não obteve resposta. A reportagem procurou Alves, mas ele não respondeu.

Por meio de nota, a gestão Tarcísio disse que Alves "é procurador federal de carreira da Advocacia Geral da União e cumpre todos os requisitos técnicos para a nomeação como Presidente do Conselho de Administração da SPPrev".

Segundo a nota, "no procedimento instaurado pela AGU foi esclarecido que o servidor estava na reunião em razão de ser sido convocado oficialmente". A nota afirma ainda que "o expediente da AGU já foi arquivado".

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