O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), candidato a prefeito no Rio de Janeiro, pretende usar ministros do governo Lula (PT) para tentar disputar a imagem do presidente com o prefeito Eduardo Paes (PSD), candidato à reeleição que tem o apoio da sigla do presidente.
O deputado já tem garantido os apoios das ministras do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede) e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL). Ele ainda pretende buscar o endosso do chefe dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, único do PT da lista.
"Pela primeira vez, o PSOL se apresenta no Rio com uma candidatura da base do governo federal. Vamos mostrar que temos uma proximidade maior do que o Paes, que tem uma relação oportunista com o PT", disse o deputado.
Na lista de alvos de Tarcísio não está a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), morta em 2018. O deputado afirma ter decidido não fazer nenhum pedido a ela para respeitar sua recente filiação ao PT em evento com a presença de Lula.
Tarcísio Motta tem como meta neste primeiro turno atrair eleitores progressistas que no momento declaram intenção de voto em Paes. Para ele, é preciso mostrar a esse grupo que é possível superar Alexandre Ramagem (PL), que tem apoio de Jair Bolsonaro (PL), e chegar ao segundo turno.
Pesquisa do Datafolha divulgada em julho mostrou Paes com 53% das intenções de voto, contra 9% de Tarcísio e 7% de Ramagem.
A expectativa é de que o candidato bolsonarista cresça a partir da associação com o ex-presidente. O deputado do PSOL também vê espaço para ampliação das intenções de voto a partir da atração desses eleitores progressistas que pretendem votar em Paes.
"Vamos mostrar que essas alianças pragmáticas levaram ao golpe contra a Dilma Rousseff e, depois, ao bolsonarismo", disse ele.
"Voto no Eduardo Paes não é um voto antibolsonarista. Ele tem um coordenador [de campanha] que é um bolsonarista de quatro costados: o [deputado] Otoni de Paula. Ele é um oportunista."
Uma das estratégias é comparar Paes com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e sua articulação para o impeachment de Dilma, de quem era vice antes de assumir a Presidência, em 2016.
"Ele [Paes] liberou o Pedro Paulo para votar no impeachment da Dilma. Ele apoiou o Bolsonaro no segundo turno nas eleições de 2018. Ele é um voto oportunista. Ele não é Lula, é Michel Temer. É aquele que está do lado do Lula e, mais cedo ou mais tarde, vai dar um golpe. Vamos dizer isso ao eleitor progressista, ao eleitor do Lula, nessa cidade", disse Tarcísio.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) será um dos responsáveis por auxiliar na atração de nomes do PT em favor de Tarcísio. Ele pretende organizar um evento em 16 de agosto, primeiro dia de campanha oficial.
Outra forma de atrair petistas é por meio de movimentos que declararam apoio à candidatura. Um deles é o MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que tem a deputada estadual Marina do MST como representante na Assembleia fluminense.
O MST também é visto como uma forma de atrair uma declaração do ministro Paulo Teixeira.
Brasília Hoje
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O PSOL fechou coligação apenas com o nanico PCB, com quem costuma fazer suas campanhas no Rio de Janeiro. Tarcísio Motta tentou aproveitar a resistência de Paes em ceder a vice da chapa para atrair o PT. O partido do presidente, porém, decidiu não condicionar a aliança à vaga, de olho num acordo de apoio na eleição presidencial de 2026.
A aposta do deputado é ampliar o resultado que obteve em 2018 na eleição para governador, quando conseguiu 14,5% dos votos válidos na capital.
Tarcísio foi oficializado como candidato na quinta-feira (1º) em convenção, no Hotel Villa Galé, na Lapa. Ele terá como vice a deputada estadual Renata Souza (PSOL).