Os trabalhadores em greve da Boeing decidirão na segunda-feira (4) se aceitam ou não uma oferta que inclui aumento salarial de 38% ao longo de quatro anos, bônus de assinatura maior e conta com o endosso do sindicato, que informou aos membros que extraiu tudo o que pôde do fabricante de aviões.
A última oferta, apresentada nesta quinta-feira (31), chega em um momento crítico para a Boeing, que esta semana anunciou que levantaria até US$ 24,3 bilhões (R$ 140,7 bi) para reforçar suas finanças abaladas, já que a greve, que mobiliza 33 mil funcionários há sete semanas, tem piorado seu consumo de caixa.
"Em toda negociação e greve, há um ponto em que extraímos tudo o que podemos na negociação. Estamos nesse ponto agora e corremos o risco de uma oferta regressiva ou menor no futuro", disse a IAM (Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais).
Os membros rejeitaram duas ofertas anteriores da Boeing.
As ações do fabricante de aviões subiram 2,8% nas negociações após o expediente depois que a oferta foi anunciada anteriormente em um relatório exclusivo da Reuters. As ações haviam fechado em queda de 3,2% nesta quinta.
As negociações entre as duas partes foram realizadas esta semana com a assistência da Secretária de Trabalho interina dos Estados Unidos, Julie Su. A votação do sindicato ocorrerá um dia antes da eleição presidencial, que está empatada entre a democrata Kamala Harris, que se espera que continue as políticas pró-sindicais da administração Biden, e o republicano Donald Trump.
Um acordo aprovado seria um impulso para o novo CEO da Boeing, Kelly Ortberg, que está pressionando por uma "mudança cultural fundamental" na empresa após um incidente em janeiro que colocou em foco seu histórico de segurança e qualidade.
A Boeing disse em um comunicado que incentiva "todos os funcionários a aprender mais sobre a oferta melhorada e votar na segunda-feira"
O fim da greve também beneficiaria fornecedores aeroespaciais que têm dispensado trabalhadores e adiado novos investimentos de capital, bem como companhias aéreas enfrentando atrasos prolongados na entrega de aeronaves.
APROVAÇÃO NÃO GARANTIDA
Ainda não está claro como os membros do sindicato votarão. A equipe de negociação estava pressionando por um aumento salarial de 40% e o retorno de uma pensão de benefício definido que os membros perderam há uma década.
Na semana passada, cerca de 64% dos trabalhadores rejeitaram uma oferta de aumento salarial geral de 35% ao longo de quatro anos que não foi endossada pelo sindicato.
A primeira oferta da Boeing de um aumento salarial de 25%, que foi endossada pelo sindicato, foi rejeitada por quase 95% dos trabalhadores em setembro.
James Mann, mecânico de 737 de 26 anos, disse que planejava rejeitar a oferta proposta desta quinta, mas estava preparado para voltar ao trabalho se fosse aprovada pela maioria. "Eu ainda vou votar não, por causa da pensão", disse ele.
A última oferta da Boeing inclui um bônus de ratificação de US$ 12 mil (R$ 69,4 mil), disse a IAM em um comunicado. Ela combina um bônus de ratificação de US$ 7.000 (R$ 40,5 mil) oferecido anteriormente e uma soma de US$ 5.000 (R$ 28,9 mil) na conta de aposentadoria dos membros.
Isso permitiria aos trabalhadores escolher como o valor total é recebido, seja como parte de um contracheque, uma contribuição para a aposentadoria ou uma combinação de ambos.
O bônus de assinatura e os aumentos salariais mais altos são "basicamente o que pedimos", disse Donovan Evans, 30, que trabalha na linha de montagem final do 767 e votou pela rejeição das duas primeiras ofertas.
"Sinto que é bastante justo pelo que fazemos. Sinto que vou votar sim na segunda-feira", afirmou.