Silvia Machete vive uma diva da noite em show do novo disco, 'Invisible Woman'

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Uma feminista que não quer brigas, apaixonada por músicas românticas das décadas de 1970 e 1980 e pela vida cultural de São Paulo. Os predicados ajudam a ilustrar quem é Silvia Machete, cantora e compositora que vem se revelando uma força da música brasileira desde que lançou o disco "Rhonda", durante a pandemia, e passou a se apresentar em casas de shows da capital paulista.

Com sua sonoridade vintage e postura de diva da noite, um cigarro numa mão e um drinque na outra, a artista viu seu público aumentar gradativamente. Em 2024, tocou em outras capitais do Brasil além de São Paulo, e fez shows em Nova York e no festival Coala para promover seu mais novo disco, "Invisible Woman", lançado em meados do ano passado.

É neste momento de ascensão e reconhecimento que a artista chega no próximo sábado (11) ao palco da choperia do Sesc Pompeia, em São Paulo, para apresentar o show de seu álbum mais recente, o quinto de inéditas da carreira. "Invisible Woman" aprofunda a pesquisa de sonoridades de décadas passadas da cantora, como se suas músicas fossem tingidas numa coloração sépia —Machete mistura jazz, soul e um tiquinho de pop em composições cantadas em inglês.

"Invisible Woman", ou mulher invisível, é um título "cinematográfico e político", diz a cantora, em conversa por telefone. Ele se refere "à situação de todas as mulheres, de sermos invisíveis aos olhos da sociedade". Na faixa que dá título ao disco, por exemplo, ela versa sobre uma dama que não tem nome nem pernas, atravessada pelo olhar de um homem que a mira mas não a vê.

O disco, composto com o instrumentista Alberto Continentino e produzido por Lalo Brusco, é o segundo de uma trilogia na qual Machete vive seu alter ego Rhonda, uma personagem que tem no palco seu habitat natural. Os shows são performáticos, com números de bambolê —uma herança do passado de Machete, quando viajava pela Europa com um ex-namorado acrobata fazendo apresentações de teatro na rua.

"É o 'clown' [técnica do palhaço do circo], mas, ao invés do nariz vermelho, estou de salto alto", afirma ela, acrescentando que, no palco, trabalha com a sensualidade e a sexualidade em expressões corporais fortes.

O repertório do show no Sesc Pompeia terá uma cover de "Two Kites", de Tom Jobim, lançada em 1980, no disco "Terra Brasilis". Na versão da cantora, a orquestração à brasileira da faixa virou um soul psicodélico, e o resultado é uma sonoridade menos melancólica do que a original.

Ela se sente tão à vontade cantando em outro idioma quanto o pai da bossa nova, dado que viveu a infância e boa parte da vida adulta nos Estados Unidos. "A gente tem na nossa cultura essa habilidade de navegar por línguas", ela diz, citando letras em inglês escritas por Tom Jobim, Caetano Veloso e Tim Maia. "A gente canta na língua que quer expressar poesia."

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