Investir é como cultivar uma planta rara: você rega, aduba, expõe à luz certa e, acima de tudo, espera. A espera do desenvolvimento desta planta demanda paciência. E se a ansiedade toma conta e você começa a trocar o vaso, mudar a terra, exagerar na água ou, pior, desiste da planta antes dela florescer? É exatamente isso que muitos investidores fazem quando deixam a ansiedade comandar suas decisões financeiras.
A ansiedade nos investimentos nasce da busca por certezas. Queremos ver nossos ativos sempre subindo, nosso patrimônio crescendo sem percalços. E quando algo não acontece como esperado, agimos por impulso. Vendemos um ativo que está perdendo valor, mas que ainda é seguro, para migrar para outro mais arriscado que está "ganhando" no momento. Resultado? Muitas vezes acabamos comprando na alta e vendendo na baixa, exatamente o oposto do que deveríamos fazer.
Além disso, vivemos na era do excesso de informação. A qualquer minuto, notícias, análises e previsões de especialistas pipocam em todas as direções. Para o investidor ansioso, essa enxurrada de dados pode ser um veneno. Ele passa o dia acompanhando cotações, buscando o próximo movimento do mercado e tentando entender como cada notícia vai afetar o portfólio. Essa necessidade de estar sempre informado, em vez de trazer controle, acaba intensificando o medo de perder uma oportunidade ou de errar – e, ironicamente, prejudica ainda mais suas decisões.
Veja um exemplo prático: imagine que você tem R$ 10 mil investidos em um CDB que oferece 12% ao ano. Seu amigo comenta que ganhou 100% nos últimos seis meses com outro ativo. Você, ansioso, decide vender o CDB para entrar no "ganho rápido". No mês seguinte, o novo ativo cai 15% e, além do prejuízo, você perdeu o rendimento seguro que teria no CDB. Trocar bons investimentos por alternativas momentaneamente atraentes é como trocar o certo pelo duvidoso, um movimento que drena retornos ao longo do tempo.
A ansiedade também compromete a capacidade de poupar. Quando estamos ansiosos, priorizamos recompensas imediatas. Aquela sensação de "eu mereço gastar agora" toma o lugar do pensamento racional de poupar para o futuro. Esse comportamento se repete em ciclos e, no longo prazo, gera um resultado que desanima: metas não alcançadas, aposentadoria mais distante e frustração financeira.
Mas como evitar que a ansiedade sabote suas decisões?
O primeiro passo é entender que o mercado tem ciclos, e nenhum investimento performa bem o tempo todo. Aceitar as oscilações faz parte do amadurecimento do investidor. Em vez de agir impulsivamente, estabeleça uma estratégia e siga um plano de longo prazo.
Autocontrole e planejamento são os melhores aliados. Pare e reflita: qual é o objetivo do seu investimento? Ele está alinhado ao seu perfil de risco e ao tempo que você tem disponível?
Se a resposta for sim, o melhor remédio para a ansiedade é não mexer. Evite olhar o saldo todos os dias, pois o mercado oscila — e isso é natural. Estabeleça um calendário para revisar seus investimentos: uma vez por trimestre ou no semestre, por exemplo. Além disso, construa um planejamento financeiro robusto que inclua suas metas de curto, médio e longo prazo e como alcançá-las. A consciência de um caminho evita decisões impulsivas motivadas pelo medo de "perder tudo".
Para os investidores mais ansiosos, pode ser útil adotar estratégias mais conservadoras, como investir em ativos de renda fixa marcados na curva ou fundos de renda fixa de menor risco, que oferecem menos oscilações. Assim, você diminui a necessidade de monitoramento constante e consegue manter a disciplina no longo prazo.
No fim das contas, o mercado financeiro recompensa quem tem paciência. Cuidar dos investimentos é como cuidar de uma planta: exige atenção, mas também confiança de que o tempo fará seu trabalho. Pergunte-se: a ansiedade está me ajudando a crescer ou está podando meu futuro?
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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