Com o pasto seco, os pecuaristas precisam complementar a alimentação do gado com mais ração. Conforme pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Esalq/USP), o clima está bastante seco e a oferta de animais criados a pasto, cada vez mais escassa. Por isso, a criação deve passar para o confinamento, mais caro.
"Isto também vai afetar o valor do leite e seus derivados, como manteiga, requeijão e iogurte", confirma o coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, Andre Braz. O especialista em política monetária e inflação prevê o aumento na demanda de outros tipos de carne, como a dos suínos e do frango. Mesmo assim, não chegará a ser um ponto de pressão para a inflação, acredita. "Vamos manter o teto de 4,5%. O ideal seria o centro, no percentual de 3%", prevê.
Recuperar solo leva tempo e custa caro
A produção de alimentos, no que diz respeito à agricultura, não é a única que sofre. Muitas queimadas atingiram grandes proporções, causando morte de animais, perda de culturas agrícolas e prejuízos com infraestruturas rurais e urbanas. Além do impacto econômico, social e ambiental, as queimadas afetam as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos. Grandes quantidades de carbono, nitrogênio, potássio e enxofre são perdidas para a atmosfera. Em longo prazo, essa alteração no solo causada pelo fogo tem consequências na biodiversidade e na manutenção dos ecossistemas.
Pesquisas indicam que o fogo compromete a qualidade do solo e a produtividade no decorrer do tempo. A queima da cobertura vegetal deixa a área descoberta, levando a maior absorção da radiação solar, com ampliação da temperatura e do ressecamento ao longo do dia. Porém, à noite, ocorre a perda de calor pela exposição, elevando assim a amplitude das variações térmicas diárias. Essas oscilações prejudicam a absorção de nutrientes e a biologia do solo.