Pode mudar também a eleição de meio de turno no ano que vem, quando parte da Câmara e do Senado são renovados. Trump aplicou um remédio e disse que todo medicamento é amargo. O problema é que o remédio de Trump pode matar o seu próprio governo. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Para Sakamoto, Trump ignora o risco de implodir uma de suas principais promessas de campanha: o combate à inflação.
Infelizmente, Trump tenta vender o peixe da política que aplicou mostrando estar certo. A prova disso seria o impacto causado no mundo inteiro. Tirando as marmotas que acreditam em tudo o que um político fala sem questionar a realidade em volta, é claro que isso não para em pé.
Os EUA não estão desconectados do resto do mundo como se estivessem em Marte. Eles ajudaram a criar um sistema econômico global extremamente interdependente e conectado. Mercados do mundo inteiro estão vendo a aplicação de tarifas, que na prática são bloqueios ao fluxo de produtos e a retaliação justa por parte de alguns países. O mundo inteiro está vendo que pode acontecer uma recessão global. Se isso acontecer, nenhum país complexo estará livre disso.
Caem os mercados no mundo inteiro porque há menos gente comprando. Mesmo aquelas expectativas iniciais de que o Brasil está bem na fita por ter sido taxado com o mínimo de 10% não são bem assim. Podemos vender mais commodities para a China e outros países que não comprarão dos EUA, mas estados industrializados como São Paulo e Santa Catarina mandam produtos industrializados para os EUA também.
Tudo é afetado e ninguém ainda sabe ao certo o quanto. No final das contas, e por isso é irônico e quase cínico, Trump diz que quem vai se prejudicar é o trabalhador norte-americano. Na prática, essas barreiras significam aumento de preços. Lembremos que Kamala Harris não ganhou as eleições no ano passado em grande parte por culpa da inflação. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Josias: Nero pós-moderno, Trump celebra caos e dá vida nova a derretimento
Em meio ao pânico gerado nos mercados de todo o mundo após o anúncio do 'tarifaço', Donald Trump dá de ombros à confusão que ele mesmo provocou, analisou o colunista Josias de Souza.
Trump deu vida nova ao termo em inglês meltdown, originalmente usado para usinas nucleares cujos reatores explodem, fogem ao controle e derretem tudo ao redor. No final da década de 90, esse termo foi adotado pelo economês para descrever a situação terminal de países com a economia desarranjada.
Com o 'tarifaço' da Casa Branca, meltdown se incorporou ao catastrofês, que é o novo idioma da economia mundial. A semana está começando como terminou a anterior, com as bolsas de valores derretendo ao redor do mundo.
Em teoria, um meltdown nuclear pode empurrar o reator em combustão terra adentro, saindo do outro lado. No caos do Trump, os países mais tarifados caem no colo da China, que reagiu na base do 'olho por olho'. Desde a semana passada, disseminou-se o pavor de uma guerra comercial que leve à recessão global.
Mesmo sob circunstâncias anormais, investidores e empresas costumam se adaptar às novas regras. O problema é que a regra de ouro de Trump é que não há regra. O mercado não tem parâmetro para se reacomodar. Multidões foram às ruas no fim de semana, as perdas estão corroendo a paciência do consumidor americano e as ações de empresas dos EUA. Trump dá de ombros e se comporta como uma espécie de Nero pós-moderno e está celebrando o caos. Nessas circunstâncias, é muito difícil fazer previsões. Não há novas regras; há Trump distribuindo insensatez. Josias de Souza, colunista do UOL
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Opinião
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