O museu Kon Tiki da Noruega devolveu, nesta quarta-feira (13), à Ilha de Páscoa os restos humanos que o explorador Thor Heyerdahl havia levado à Noruega após suas explorações a bordo do Kon Tiki em 1947.
Uma delegação de autoridades chilenas e da Ilha de Páscoa participou de uma cerimônia organizada pelo museu de Oslo, anunciou a instituição.
Os objetos em questão são crânios da comunidade rapa nui, o povo indígena dessa ilha chilena do Pacífico.
"Meu avô estaria orgulhoso do que estamos a ponto de conseguir", celebrou Liv Heyerdahl, neta do navegador e atual diretora do museu Kon Tiki.
"O retorno dos objetos à Ilha de Páscoa garantirá que o povo rapa nui seja proprietário de seus bens culturais", acrescentou o museu.
Quatro representantes da Ilha de Páscoa passaram a noite no museu, perto dos restos mortais, como parte de um ritual para despertar o espírito dos mortos.
O ritual foi realizado em rapanui —a língua tradicional— explicou Laura Tarita Rapu Alacrón, membro da delegação, à agência de notícias NTB.
Também foram programadas cerimônias para quando os restos chegarem a seu destino. Eles serão transportados pela ilha a oito lugares sagrados antes de serem enterrados definitivamente.
Em 1947, o explorador e escritor norueguês Thor Heyerdahl construiu uma balsa, batizada de Kon Tiki, em homenagem a um deus inca, e partiu do Peru até o arquipélago de Tuamotu, na Polinésia Francesa, chegando após 101 dias e 7.000 km.
Heyerdahl estava convencido de que os habitantes do Peru haviam chegado às ilhas isoladas do Pacífico e queria demonstrar, com esta expedição, que essa hipótese era possível.
O norueguês, morto em 2002, aos 87 anos, viajou em 1955 à Ilha de Páscoa, onde desenterrou, junto de sua equipe, 5.600 objetos para levar à Noruega, prometendo devolvê-los algum dia à população local.
Parte deles foi devolvida aos rapa nui em 1986 e em 2006.