Reposição hormonal pode promover plenitude sexual durante climatério e menopausa

há 2 meses 4

"Eu nunca tinha parado para pensar na relação do climatério com o sexo. Mas posso te dizer uma coisa: minha vida sexual agora é melhor do que quando eu tinha 20 anos", afirma a técnica em enfermagem Veronika Braun, 52.

O segredo para driblar os sintomas da fase, que incluíram ganho de peso, exaustão, desânimo e problemas na vida sexual, foi a reposição hormonal. Optou pelo tratamento desde o início das primeiras manifestações.

Desta forma, Braun conseguiu recuperar a libido, e se desviar de outros sintomas comuns à época, como secura vaginal.

Insônia, ondas de calor e alterações de humor são outras manifestações parte de fases como o climatério e a menopausa. Os problemas, causados por queda da produção hormonal, porém, são tratáveis –o que permite aumento da qualidade de vida e plenitude sexual mesmo no fim da vida reprodutiva.

A reposição hormonal, uma das principais estratégias usadas por ginecologistas, garante que hormônios importantes para o bem-estar e funcionamento do organismo da mulher fiquem em níveis adequados e, assim, os sintomas também se tornam mais brandos.

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A ginecologista Beatriz Tupinambá, especialista em modulação hormonal, explica que os menores níveis de progesterona, testosterona e estradiol são os responsáveis pelos sintomas do climatério. O desejo sexual em segundo plano, por exemplo, ocorre por mecanismos indiretos, como problemas de sono e disposição e humor.

"A libido é uma resposta global à nossa saúde", afirma Tupinambá, que prescreveu o tratamento para Braun. Com o resultado positivo, o marido da paciente, Rafael de Sousa Malafaia, 51, também decidiu buscar acompanhamento.

A terapia de reposição hormonal entra, então, como método seguro e eficaz para a maioria das mulheres. Aquelas que não podem optar pelo tratamento, como pacientes com alto risco de câncer de mama, têm como opção o uso de antidepressivos, conforme a especialista em ginecologia oncológica Paula Deckers.

"Cada paciente é única, e a escolha do tratamento deve ser individualizada, considerando todos esses fatores", afirma.

Pacientes com risco cardiovascular precisam de avaliação cuidadosa antes de optarem pela reposição. A via transdérmica é a melhor escolha para quem tem hipertensão, diabetes ou colesterol alto devido ao menor impacto sobre a coagulação e o perfil lipídico.

As médicas também enfatizam que exercícios físicos, alimentação equilibrada e uma boa higiene do sono são essenciais para o alívio dos sintomas. A terapia, aliada a mudanças na rotina, pode melhorar a saúde geral da mulher.

A socióloga Sílvia Palaia, 60, entrou na menopausa precocemente, aos 39, após realizar uma histerectomia (remoção do útero). Ela lembra a intensidade dos primeiros sinais, como os fogachos: "A sensação começava no meu pescoço e surgia de repente, tão intensa que eu não sabia se abraçava meus filhos, ria ou chorava. Era um turbilhão de sentimentos antagônicos."

Palaia afirma que, apesar de sua libido sempre ter sido boa, seu corpo nem sempre correspondia ao desejo, gerando dificuldades, como secura vaginal e problemas para atingir o orgasmo, especialmente sozinha.

"Com o tempo, minha lubrificação vaginal foi diminuindo, mas os hormônios ajudavam até os 50 e poucos anos", lembra Sílvia. "Aos 58 e 60 anos, senti um envelhecimento muito nítido."

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Passou, então, da via oral para transdérmica. Além de comprimidos, é possível realizar o tratamento por meio de adesivos, cremes ou géis aplicados diretamente na pele.

Para o alívio do desconforto vaginal, Deckers recomenda o uso de lasers, cremes ou comprimidos vaginais, que podem ajudar com a secura e a irritação.

Na menopausa, Palaia enfrentou problemas de tireoide e do coração, iniciando um tratamento hormonal tópico, com comprimidos vaginais e medicamentos para tratar as patologias. Em uma semana, notou melhorias significativas na qualidade de vida e autoestima.

"Não tenho mais aquela ansiedade sexual da juventude, em que buscava um corpo perfeito para o sexo. Hoje, me preocupo com o que eu penso de mim mesma, não com a opinião dos outros", diz ela.

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