Se o dólar se mantiver no patamar atual, a queda nos preços de commodities como minério, bovinos e carnes bovinas, mostrada no IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) de março, pode dar suporte a um crescimento menor da inflação oficial nos próximos meses.
A avaliação é do economista André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV/Ibre, que lembrou que as carnes já mostraram queda de 0,77% no IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é a prévia do índice oficial de inflação e que foi divulgado ontem pelo IBGE.
O IGP-M deste mês, que foi divulgado pela FGV/Ibre nesta sexta, mostrou recuo de 3,99% nos preços dos bovinos e de 5,50% nas carnes bovinas. O minério de ferro caiu 3,64% no período, e o arroz em casca teve queda de 9,11%. O índice geral recuou 0,34%.
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“A queda de bovinos e carnes bovinas no IGP-M mostra potencial para que essa queda da carne bovina se sustente por mais tempo nas gôndolas do supermercado”, afirmou Braz. Ele lembra que as carnes possuem um peso relevante dentro do IPCA, e que a disparada dos preços desse item influenciou o encarecimento de outras proteínas, como o ovo.
“O ovo é um destaque na inflação, até porque a carne ficou muito cara e as pessoas migram de uma proteína para outra, da cara para barata. É claro que isso não explica todo o aumento do ovo, mas é uma parte da explicação”, diz Braz.
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IGP-M sobe 8,58% em 12 meses
Apesar das boas notícias trazidas pelo IGP-M de março, Braz lembrou que o indicador em 12 meses está subindo 8,58%, uma aceleração acentuada.
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Daqui para a frente, o especialista afirma que tudo vai depender de se a desvalorização do real se sustentará ao longo do tempo, e se isso permitirá novas revisões para baixo do IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo, que faz parte do IGP-M). Em março, o IPA foi puxado para baixo pelas carnes e pelo minério e recuou 0,73%.
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“Vamos ver se daqui para a frente um câmbio mais estável, em torno de R$ 5,70, se mantém e abre espaço para que essa desaceleração da inflação se materialize em outros segmentos importantes do IPA, aplicando o rol de itens no IPCA que também podem apresentar esse efeito no curto prazo.”