Quarto-cela de Braga Netto em QG é vigiado 24 horas por policiais do Exército

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Detido em um quarto no quartel-general da 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, no Rio, o general da reserva Walter Braga Netto tem sido vigiado 24 horas por dia por dois soldados da Polícia do Exército.

Braga Netto não tem liberdade de circulação no QG. Recebe quatro refeições diárias no próprio alojamento, que foi adaptado para recebê-lo e tem um banheiro à parte, e só pode sair do local uma vez ao dia, para um banho de sol.

Por determinação judicial, só pode receber visita de seus advogados. Na quarta (18), esteve no local seu novo defensor, José Luís Oliveira Lima.

O quarto tem janelas –sem grades– e é equipado com ar-condicionado e TV. A comida é a mesma servida no rancho dos militares que trabalham naquela unidade.

Braga Netto foi transferido ao QG no último sábado (14), após ser preso pela manhã em seu apartamento em Copacabana.

Solicitada pela Polícia Federal, a prisão preventiva foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após parecer favorável da Procuradoria-Geral da República. Segundo a PF, o general teve participação ativa no plano de impedir, por meio de um golpe, a posse do presidente Lula e ainda tentou obstruir a Justiça ao tentar atrapalhar as investigações.

Ao chegar à unidade na Vila Militar, Braga Netto fez exame médico e participou de uma audiência de custódia via videoconferência conduzida por um juiz assistente de Moraes.

Boa parte da cúpula do Exército estava numa formatura na Escola Naval, no Rio, quando ocorreu a prisão –inclusive o comandante Tomás Paiva. O general Kleber Nunes de Vasconcellos, chefe do Comando Militar do Leste, ao qual a 1ª Divisão de Exército é subordinada, deixou a Escola Naval e foi à Vila Militar.

No QG, Vasconcellos teve uma conversa protocolar de cerca de meia hora com Braga Netto, na qual comunicou que a segurança do colega caberia ao Comando Militar por ele liderado e que cumpriria à risca as determinações da Justiça em relação à prisão.

Embora a reputação de Braga Netto no Alto Comando do Exército esteja arranhada, para dizer o mínimo, o diálogo com Vasconcellos (um general de quatro estrelas, posto mais alto da carreira) foi uma maneira de atenuar o mal-estar pelo fato de o chefe da 1ª Divisão de Exército, Eduardo Tavares Martins, ser um general de divisão (três estrelas), um grau abaixo daquele do oficial sob sua custódia —assim como o chefe do CML (Comando Militar do Leste), Braga Netto é general de quatro estrelas.

O quartel-general da 1ª Divisão de Exército (DE) do CML onde Braga Netto está detido tem grande simbolismo histórico. Foi desse prédio que, em 1944, partiram os combatentes da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutaram na Segunda Guerra Mundial. O comandante da FEB foi o então general Mascarenhas de Morais (mais tarde promovido a marechal), que dá nome à 1ª DE.

A Vila Militar é a maior guarnição do país e abriga unidades importantes como a EsAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, que forma capitães) e a Brigada Paraquedista. Jair Bolsonaro passou por ambas e morou tanto na Vila Militar quanto em Bento Ribeiro, bairro vizinho. O QG da 1ª DE fica quase ao lado –cinco minutos a pé– da Escola Municipal Rosa da Fonseca, onde o ex-presidente vota.

A 1ª DE já foi liderada pelo general Luiz Eduardo Ramos (de 2014 a 2016), que depois seria ministro do governo Bolsonaro. Seu último comandante foi o general Kleber Vasconcellos, atual chefe do CML. O próprio Braga Netto já ocupou o posto hoje a cargo de Vasconcellos, tendo chefiado o Comando Militar de 2016 a 2019.

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