O C6 Bank, por exemplo, prevê que o dólar fique entre R$ 6 e R$ 6,10 até o fim do ano. Um dos maiores fatores que elevam o dólar no Brasil, segundo o time de economistas do banco, é a situação fiscal. "Pelas nossas contas, se aprovadas integralmente, as medidas de corte de gastos podem ser suficientes para manter de pé o arcabouço fiscal até 2026", publicaram Felipe Salles, Claudia Moreno, Claudia Rodrigues, Heliezer Jacob e Felipe Mecch, que forma a equipe econômica da instituição financeira.
Na semana passada, o governo brasileiro divulgou um pacote de medidas para diminuir seus gastos em R$ 70 bilhões em dois anos. O pacote desagradou os investidores, que acharam o montante insuficiente para reequilibrar as finanças públicas. O anúncio, ao mesmo tempo, da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil também não foi bem aceito pelo mercado.
Para 2025, a previsão inicial do banco era o dólar cortado a R$ 5,80. Mas essa expectativa foi feita antes da divulgação do pacote. "Devemos estimar um valor maior agora, porque o cenário fiscal está pior e os fatores externos também contam", diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
O problema, segundo o C6, é que o corte proposto está longe de ser capaz de estabilizar a dívida pública. "Calculamos que o esforço necessário seria de um superávit primário perto de 2% do PIB", afirma a equipe. Isso significaria algo em torno de R$ 220 bilhões.
Nem assim, o dólar baixaria. É o que diz André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online. Para ele, a moeda deve ficar na casa dos R$ 6 daqui para frente por pelo menos alguns meses. O problema, diz Galhardo, são os juros da taxa Selic. Como a perspectiva é de alta, o governo continua pagando muito juro sobre a dívida pública.
Em outubro, foram gastos R$ 111,6 bilhões com juros nominais da dívida do setor público. Esse total subiu 80,3% em comparação ao mesmo mês de 2023, segundo o Banco Central.