Hoje, o dólar comercial, que chegou a R$ 5,85 no início da manhã, estava em baixa de 1,13%, vendido a R$ 5,682. O dólar turismo tinha queda de 0,57%, cotado a R$ 5,942, depois de ter sido vendido por R$ 6,051 na primeira metade do dia. A recente vitória de Donald Trump nos EUA reacendeu incertezas no mercado global, alimentando novas preocupações sobre o futuro da economia. A política protecionista de Trump afeta diretamente o câmbio, elevando o preço do dólar em relação ao real. "A elevação das tarifas sobre produtos chineses pode pressionar preços nos EUA, gerando inflação e alta nas taxas de juros", comenta Kawauti.
Esse cenário atual, apesar das semelhanças, é marcado por novas particularidades econômicas e políticas. Para Natale Papa Jr., economista, a busca por segurança persiste, mas é impulsionada agora por tensões geopolíticas e pelo protecionismo americano. "Essa valorização da moeda americana se torna um porto seguro para investidores em meio ao cenário de aversão ao risco", ele afirma.
A situação fiscal do Brasil adiciona mais pressão sobre o câmbio. Segundo Papa Jr., a ausência de reformas estruturantes e o atraso nas medidas fiscais afetam diretamente a estabilidade do real frente ao dólar. Ele observa que a percepção de risco no mercado eleva o receio entre investidores estrangeiros, afastando capitais.
A demora em apresentar um plano fiscal sólido reduz a confiança dos investidores. Kawauti acrescenta que "sem um ajuste fiscal eficaz, o Brasil se torna menos atrativo, e o real perde valor". Para o mercado, a incerteza sobre o controle do déficit fiscal e o futuro da dívida pública brasileira aumenta a demanda por dólar, elevando o câmbio.
O impacto do dólar alto no cotidiano brasileiro é evidente nos preços de produtos básicos e importados. Setores que dependem de insumos estrangeiros, como combustíveis, tecnologia e medicamentos, são os primeiros a sentir o efeito. Para Papa Jr., o preço do petróleo, cotado em dólar, pressiona os custos da gasolina e do diesel no Brasil, encarecendo também o transporte e a logística, gerando um efeito em cadeia sobre os produtos essenciais.
Cesta básica
Os produtos da cesta básica, como o arroz, também sofrem com a alta do dólar. O economista ressalta que muitos insumos agrícolas, como fertilizantes, são comprados em dólar, aumentando o custo de produção. "Esse aumento nos custos acaba sendo repassado ao consumidor, elevando os preços dos alimentos", explica Kawauti.