A presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou na noite desta segunda-feira (6) duas trocas no comando da DPE (Diretoria de Pesquisas).
A servidora Elizabeth Hypolito deixará o cargo de diretora do setor. Ela será substituída pelo técnico Gustavo Junger da Silva, que também trabalha no IBGE. Elizabeth havia sido indicada para o posto em janeiro do ano passado.
A presidência do instituto também confirmou que João Hallak Neto deixará o cargo de diretor-adjunto na DPE. Ele será substituído pelo servidor Vladimir Gonçalves Miranda.
A transição dos dois cargos ocorrerá a partir da próxima semana, disse a presidência do IBGE em nota. As mudanças ocorrem após a explosão de uma crise interna no instituto. A turbulência se estende desde setembro do ano passado.
Servidores reclamam de medidas tomadas pela gestão do economista Marcio Pochmann, que preside o IBGE desde agosto de 2023, e cobram mais diálogo com ele. A gestão de Pochmann já afirmou "refutar com firmeza as infundadas acusações de comportamento autoritário".
A nota divulgada pela presidência não cita os motivos das trocas na DPE, mas fontes que acompanham o dia a dia do órgão veem reflexos de divergências com a atual gestão do instituto. A Folha apurou que a decisão pela saída de Elizabeth e João do comando da DPE partiu dos próprios servidores. Os técnicos não se manifestaram publicamente sobre o assunto.
A reportagem perguntou à assessoria do IBGE os motivos das trocas, mas não recebeu retorno até a publicação deste texto.
Quem acompanha o IBGE não descarta novas mudanças em breve, inclusive na Diretoria de Geociências, uma das principais do instituto, ao lado da DPE.
"A presidência agradece aos servidores Elizabeth Hypolito e João Hallak, que seguem colaborando com o instituto e com a Diretoria de Pesquisas, por sua contribuição e préstimos no período, ao mesmo tempo em que congratula os servidores Gustavo Junger e Vladimir Gonçalves Miranda desejando-lhes excelente condução na continuidade dos trabalhos da DPE", afirma a nota divulgada pelo instituto.
Uma das medidas que irritaram os servidores do IBGE foi a criação de uma fundação pública de direito privado vinculada ao órgão de pesquisas, a IBGE+.
Seu estatuto abre possibilidade para realização de trabalhos para organizações públicas ou privadas. A IBGE+ chegou a ser apelidada por críticos de "IBGE paralelo". Em novembro, Pochmann rebateu as manifestações.
O economista disse à época que as críticas eram "naturais" porque a fundação se trata de "um instrumento inovador". "Toda inovação tem, certamente, questões a serem melhor identificadas", afirmou.
Outro projeto contestado foi o plano de mudança dos servidores que atuam em um prédio alugado pelo IBGE na avenida Chile, no centro do Rio, para um imóvel do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) no Horto, na zona sul.
O novo endereço é considerado de difícil acesso via transporte público. Pochmann afirmou em novembro que a possível ida para o Serpro seria temporária. A ideia, segundo ele, era economizar com aluguel e, mais tarde, levar funcionários da avenida Chile para um endereço próprio do IBGE, a ser reformado também no Rio.
QUEM SÃO OS NOVOS DIRETORES
Gustavo Junger, que assumirá o cargo de diretor de Pesquisas, é servidor do instituto desde 2006. Atualmente, trabalha na coordenação técnica do Censo Demográfico na DPE. Já Vladimir Miranda, que será o diretor-adjunto, integra o corpo técnico do IBGE desde 2010. Atualmente, está na Gerência de Planejamento Conceitual da DPE.