O primeiro-ministro do Vietnã, Phạm Minh Chinh, afirmou ao presidente Lula em encontro fechado nesta sexta (28) na capital, Hanói, que o mercado vietnamita de carnes está aberto para a pecuária brasileira. Ele é o responsável pela economia, no país.
"Depois de muitos anos de tentativa, o primeiro-ministro anunciou que finalmente vai comprar", publicou o brasileiro em mídia social. "É uma notícia extraordinária e acho que é muito importante para o Vietnã e para o Brasil."
Ele creditou a decisão à participação dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), que "mostrou a força da amizades que queremos ter com o Vietnã".
A decisão havia sido adiantada por Roberto Perosa, presidente-executivo da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), um dos representantes do agro que acompanham o presidente.Até três meses atrás, quando assumiu a entidade, Perosa era o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
"Mostra a competência e o charme do presidente para abrir mercado", falou, sobre a abertura. Segundo ele, "a contrapartida foi o reconhecimento que o Brasil fez do Vietnã como economia de mercado".
Para a pecuária brasileira, a mudança traz o acesso a um mercado que importa aproximadamente 300 mil toneladas anuais, ainda dominado hoje pela carne de búfalo, mas que está em transição. "A sociedade está crescendo a 7% ao ano, e a classe média está buscando algo de mais qualidade", diz Perosa.
A disputa pelo consumidor vietnamita será agora do Brasil com fornecedores como Índia, que envia carne de búfalo, Estados Unidos e Austrália.
Segundo três fontes da delegação brasileira, que antes passou por Tóquio com o mesmo propósito de abertura de mercado para a carne bovina, há a expectativa também de que a JBS faça um investimento de porte no Vietnã na indústria de alimentos.
No Japão, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba afirmou publicamente, ao lado de Lula, sua "disposição em enviar especialistas para avançar à próxima etapa" de abertura também do mercado japonês à carne brasileira.
O anúncio foi considerado uma vitória pela pecuária brasileira, mas ainda não há data para a missão japonesa de inspeção.