Por que estar certo no mercado financeiro não é o suficiente

há 2 meses 3

Nos últimos anos, investir tem sido como comprar uma fantasia fora de época. Você chega em uma loja de fantasias em pleno mês de julho e encontra aquele traje incrível pela metade do preço. A vendedora diz: "Aproveita, está baratíssimo!". E você, com um sorriso no rosto, faz a compra, certo de que arrasará no Carnaval do ano seguinte. Mas aí vem o problema: o Carnaval está longe, a festa não chega, e você começa a duvidar se aquela fantasia realmente valeu o investimento. O que parecia uma pechincha agora parece só um amontoado de pano caro no fundo do armário. Será que você estava certo ou comprou no momento errado?

Se perguntarmos a quase qualquer participante de mercado, a resposta será bem parecida: a Bolsa no Brasil está barata, os juros referenciados ao IPCA estão nas máximas e valem a pena, o Real está desvalorizado, o que implica que tem potencial de valorização, e os fundos imobiliários estão depreciados, ou seja, ótimas oportunidades de compra. Tudo parece um ótimo negócio, mas por que esses ativos não reagem como o esperado?

Infelizmente, essas afirmações não são de agora apenas. Há pelo menos dois anos ouvimos que os preços estão baixos e que é hora de comprar. Porém, o que vemos são os ativos se desvalorizando ainda mais, deixando investidores, principalmente os menos experientes, com aquela sensação de que entraram no barco errado. Fica a pergunta no ar: será que eles erraram?

Em investimentos, principalmente os de risco, quem está certo geralmente só aparece com o tempo. E esse tempo pode ser muito longo. O problema é sobreviver ao curto prazo, onde as perdas pesam e a incerteza reina.

E é aqui que surge o dilema: estar certo no momento errado é, essencialmente, estar errado? No calor da volatilidade, com o saldo da conta no vermelho e o mercado teimosamente contrariando as expectativas, fica difícil defender que a decisão foi acertada.

Saber o momento de aumentar sua exposição ao risco é quase uma arte. No longo prazo, talvez entrar agora, há 12 meses ou daqui a seis não faça grande diferença. O tempo dilui os efeitos das flutuações. Mas o grande problema é a capacidade de suportar o risco durante o período de queda. Se você não tiver estômago para aguentar uma posição perdedora, será difícil colher os frutos do longo prazo.

É por isso que se conhecer é fundamental. Cada investidor precisa entender o quanto de risco está disposto a carregar. Se a volatilidade te tira o sono, talvez seja hora de repensar sua estratégia. Mais do que estar certo, é necessário estar certo no momento certo, ou ao menos, estar preparado para enfrentar o tempo até que seu "momento certo" chegue.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

Fale direto comigo no e-mail.

Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Leia o artigo completo