Projeto transforma notas descartadas de real em materiais para cadeiras e outros objetos

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Cédulas de real descartadas após erros de impressão podem virar matéria-prima para fabricação de cadeiras, sofás, pufes, almofadas e objetos decorativos.

É o que indica o projeto Tran$forma, encabeçado pela empresa paulista Equipa Group em acordo com a Casa da Moeda do Brasil. Segundo a Equipa, que atua no ramo moveleiro, um contrato com a estatal foi assinado em 2019, com validade de dez anos.

A intenção do projeto é prolongar o tempo de uso dos resíduos que surgem a partir da impressão do dinheiro. A empresa afirma que cerca de 200 toneladas de papel-moeda são descartadas por ano pela Casa da Moeda por erros, ajustes de corte ou outras questões.

Essas cédulas não chegam a entrar em circulação. Com o Tran$forma, a Equipa tem acesso aos resíduos e pode reutilizá-los como insumos na indústria.

A empresa afirma que paga à Casa da Moeda para ter acesso ao material, além de fornecer royalties dos itens posteriormente vendidos. A Folha enviou pedido de entrevista para a estatal, mas não recebeu retorno.

"A Casa da Moeda fornece a matéria-prima, e a gente dá o destino correto, dá novos ciclos de vida", afirma Patricio Malvezzi, CEO da Equipa.

"Na impressão [do dinheiro], tem ajustes de máquina, calibragem, porque [o papel-moeda] é algo de qualidade. Não pode ter erro", acrescenta.

As notas descartadas não têm valor monetário e chegam até a empresa já picotadas. O papel-moeda é usado em conjunto com outros materiais para dar forma a diferentes produtos.

Com operações nos municípios de Vargem Grande Paulista e São Roque, ambos em São Paulo, a Equipa diz ter parcerias com outras companhias para a produção dos objetos.

"A gente homologa e licencia os produtos", aponta Malvezzi. O parque industrial da Casa da Moeda fica no Rio de Janeiro, de onde saem os resíduos.

O papel-moeda tem fibras de algodão em sua composição, o que garante maior resistência do que o papel comum, segundo o empresário.

Ele diz que os produtos criados a partir do Tran$forma, no geral, não são para consumo massivo. E a principal explicação para isso é o preço.

"Tem cadeiras de R$ 200 e tem cadeiras de R$ 2.000. Tem cadeiras de R$ 7.000", afirma o CEO.

"Tem diferentes elementos. A cadeira [mais barata] seria o primeiro produto massivo. Outros são para mortais que ganham muito em alguns casos", acrescenta.

Um dos itens já fabricados a partir do projeto foi um objeto decorativo em homenagem ao Cristo Redentor. As cédulas reaproveitadas também foram usadas na ambientação de espaços, incluindo uma exposição na Japan House, na avenida Paulista, em São Paulo.

Segundo a Equipa, o Tran$forma reutiliza apenas o papel-moeda descartado pela Casa da Moeda antes de ir para as ruas. Isso significa que o projeto não tem acesso às cédulas de real retiradas de circulação pelo BC (Banco Central).

Essas notas são removidas depois de apresentarem rasgos ou outros problemas de conservação devido ao tempo de uso. São os bancos que encaminham o material para o BC, que tem a tarefa de garantir o bom estado das cédulas em circulação.

Em vídeo divulgado no ano passado, a autoridade monetária disse que, só em 2023, mais de 1.600 toneladas de cédulas foram retiradas das ruas. As notas que deixam de circular são trituradas e prensadas em forma de tijolos de papel.

Os resíduos viram, por exemplo, combustível para fornos de cimento, em vez de irem para aterros sanitários, segundo o BC.

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