Mesmo sendo um dos bens mais caros que os brasileiros compram, a lucratividade das marcas não é proporcional. É por isso que muitas vezes é mais interessante importar, e esse mercado tem crescimento bastante, com 193.428 unidades importadas no primeiro semestre de 2024, um aumento de 38,8% em relação ao mesmo período de 2023, segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa).
Milad Kalume, analista no mercado automotivo, destaca que a carga de impostos é um dos principais obstáculos. "Custos tributários, tanto diretos quanto indiretos, representam uma porcentagem considerável sobre o preço final do veículo, sempre acima de 30%, podendo chegar a mais de 50%". Esse peso afeta todo o processo produtivo, desde a importação de peças até a comercialização.
A carga tributária sobre a contratação de trabalhadores brasileiros também aumenta os custos de produção. Além disso, questões macroeconômicas, como a infraestrutura de logística deficitária e problemas nas estradas, impactam diretamente.
"Mesmo com um frete geral para o Brasil, o custo é elevado devido às nossas estradas frequentemente precárias", observa Kalume.
Grande parte das peças utilizadas na produção de veículos é importada, e a oscilação do dólar penaliza a indústria. Essa dependência de componentes estrangeiros expõe a vulnerabilidade da indústria automotiva brasileira às flutuações cambiais.
Inflação, taxas de juros e falta de acordos comerciais
A persistência da inflação desde a década de 80 e as altas taxas de juros para empréstimos também impactam o setor. "Poucos acordos comerciais e uma dependência fundamental no mercado interno tornam a indústria refém das condições econômicas locais", alerta Kalume.