O índice de pobreza na Argentina teria caído para 38,9% e o nível de pobreza extrema — a chamada indigência — recuado para 8,6% no terceiro trimestre do ano, segundo estimativa em relatório do Conselho Nacional de Coordenação de Políticas Sociais (CNCPS), órgão subordinado ao Ministério do Capital Humano, com base em dados publicados nesta quinta-feira (20) pelo Indec.
A medição oficial da pobreza, elaborada pelo órgão de estatísticas, tem periodicidade semestral e o último dado conhecido é o da primeira metade do ano, quando atingiu 52,9%. Pelos cálculos, a indigência vinha de 20,2% no primeiro trimestre e de uma redução para 16% no segundo;
“Dessa forma, graças à implementação de políticas econômicas que contribuíram para reduzir a inflação e estabilizar a economia, a pobreza continua a diminuir no ano”, disse um comunicado oficial da pasta.
Também foi citado um melhor foco nas transferências de recursos para os setores mais vulneráveis, “de forma direta e transparente”, disse o ministério. A pasta lembrou que no início da gestão [de Javier Milei], 50% dos recursos destinados às populações mais vulneráveis eram distribuídos por meio de intermediários, como Unidades Executoras do programa Potenciar Trabalho, cantinas e cooperativas, enquanto os outros 50% eram transferidos diretamente.
Embora trabalhem com resultados diferentes em números absolutos, especialistas ouvidos pelo jornal La Nación concordam que há uma tendência de redução dos indicadores. “Os dados da distribuição da renda total das famílias do terceiro trimestre sugerem que a taxa de pobreza desse trimestre se situaria em torno de 39%”, disse o especialista da Universidade Torcuato Di Tella (UTDT), Martín Rozada.
“Esse valor, junto a uma taxa de pobreza de 51% no segundo trimestre, indica uma taxa de pobreza para o semestre de abril a setembro de 44,9%. Se a evolução da renda das famílias se assemelhar à do terceiro trimestre e a inflação das cestas básicas continuar desacelerando, a taxa de pobreza do segundo semestre do ano se situaria em torno de 40% e a taxa de indigência em torno de 11%”, calculou Rozada
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Já Agustín Salvia, coordenador do Observatório da Dívida Social da UCA, disse que, segundo as estimativas geradas a partir das recentes publicações da EPH-INDEC, referentes ao terceiro trimestre de 2024, a população em situação de pobreza encontra-se em valores semelhantes ao terceiro trimestre de 2023 (38,6% em 2023 e 38,9% em 2024).
“Na conjuntura entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano, essa porcentagem caiu drasticamente de 51% para 38,9% da população. Essa drástica diminuição se deve ao efeito da desaceleração do aumento de preços e ao aumento relativo da capacidade de compra da renda laboral dos setores médios”, disse o sociólogo.
Salvia disse ainda que a indigência passou de 10% para 8,5%, ao comparar os terceiros trimestres de 2023 e 2024. O que mostra uma conjuntura de rápida recuperação, considerando que, no segundo trimestre deste ano, 16% da população estava nessa situação.
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“Isso se deve, basicamente, ao aumento da renda não laboral das famílias de estrato mais baixo e à acentuada desaceleração do aumento de preços, principalmente em relação a alimentos e bebidas”, disse. Para o especialista da UCA, o segundo semestre deste ano pode terminar até mesmo ligeiramente abaixo dos 40%.
Por fim, Leopoldo Tornarolli, especialista do Cedlas da Universidade de La Plata, concordou com essa possibilidade. “Isso vai soar forte: a pobreza no semestre de abril a setembro teria estado abaixo de 45%, uma queda de oito pontos em relação a janeiro-junho. E em julho-setembro foi algo em torno de 38,5%. Se for assim, poderia fechar 2024 abaixo de 2023”, explicou no X o pesquisador em pobreza e desigualdade.