A piora da inflação de curto e médio prazo exige postura mais tempestiva e o cenário se tornou mais adverso com a materialização de riscos, afirmou o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, em ata divulgada nesta terça-feira (17), sobre choque de juros.
Na última quarta (11), em seu último encontro de 2024, o Copom elevou, em decisão unânime, a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, de 11,25% para 12,25% ao ano.
Quanto aos passos futuros, o colegiado do BC antecipou que prevê aumento de juros de mesma intensidade nas duas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025. Se o cenário se concretizar, a Selic chegará ao patamar de 14,25% ao ano –pico da taxa básica na crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016.
"Na discussão que embasou tal deliberação duas dimensões foram bastante discutidas. Em primeiro lugar, a magnitude da deterioração de curto e médio prazo do cenário de inflação exigia uma postura mais tempestiva para manter o firme compromisso de convergência da inflação à meta", disse.
"Em segundo, vários riscos se materializaram tornando o cenário mais adverso, mas menos incerto, permitindo maior visibilidade para que o comitê oferecesse uma indicação de como antevia as próximas decisões", acrescentou.
Essa foi a última decisão sobre juros durante a gestão de Roberto Campos Neto no BC. A partir do ano que vem, o colegiado será presidido por Gabriel Galípolo, nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,6% para 4,9% –ainda mais distante do teto da meta. Para 2025, a estimativa saltou de 3,9% para 4,5%. Houve também alta no prognóstico para o 2º trimestre de 2026 –período em que o BC hoje se propõe a cumprir o objetivo– para 4%, ante 3,6% em novembro.
O alvo central perseguido pelo BC é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).