Painel S.A.: Mercado de apostas supera (e muito) estimativas recebidas pela Fazenda

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Os dados mais recentes sobre o mercado de apostas mostram que o volume bruto de recursos destinados pelos brasileiros às empresas do setor superam e muito as projeções usadas como referência pelo Ministério da Fazenda tendo como base estudos de terceiros.

Integrantes da pasta vinham ressaltando que não tinham levantamentos próprios para mensurar o potencial e salientavam que os dados ainda não eram acurados, visto que o mercado é em grande parte uma novidade para o país.

Mas mencionavam informalmente até semana passada que os estudos, que apontavam para uma grande variação de estimativas, apontavam para uma movimentação que chegaria a R$ 150 bilhões por ano.

Conforme publicou a Folha, o Banco Central identificou que o brasileiro destinou via Pix de forma bruta (isto é, sem considerar eventuais prêmios) entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões mensais às empresas de apostas de janeiro a agosto. Caso o padrão registrado desde o começo do ano se mantenha até dezembro, o gasto (só com Pix) ficará entre R$ 216 bilhões e R$ 252 bilhões em 2024.

Ou seja, entre 44% e 68% (ou até R$ 102 bilhões) superior às estimativas observadas pela Fazenda. E ainda precisariam ser somados a esse valor os pagamentos feitos por outros meios (como cartão ou TED, por exemplo), embora acredite-se que o Pix domine as transações.

Os valores não consideram o quanto pode ter retornado aos apostadores em jogos vitoriosos. O BC calcula que 15% do valor bruto fique retido com as empresas de apostas (sendo o restante distribuído a título de prêmios), mas afirma que o percentual pode estar subestimado.

Só entre usuários do Bolsa Família, o valor bruto destinado a apostas em agosto foi de R$ 3 bilhões, 20% dos cerca de R$ 14 bilhões pagos pelo Tesouro Nacional às famílias do programa social. O ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), afirmou nesta quarta (25) que pediu mais informações à Fazenda.

"Certamente a situação das pessoas mais vulneráveis e outros aspectos sociais serão considerados quando da regulamentação [do mercado de apostas; na verdade já publicada e que continua em discussão]", disse, em nota. "O Bolsa Família transfere um dinheiro livre para a família e tem por objetivo combater a fome e atender a necessidades básicas de pessoas em situação de insegurança alimentar e outras vulnerabilidades. Tudo faremos para manter estes objetivos", afirmou.

A pasta via até semana passada as regras já publicadas como suficientes para regular o mercado, mas cresceu a preocupação com o tema no discurso de diferentes autoridades. O ministro Fernando Haddad (Fazenda), por exemplo, falou que os jogos viraram um problema social grave.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que houve uma piora na inadimplência que poderia ser explicada pela popularidade das bets. "Uma coisa que tem gerado preocupação na ponta é que o crescimento é muito grande", disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o endividamento dos mais pobres com apostas deve ser regulado. "Estamos percebendo no Brasil o endividamento das pessoas mais pobres tentando ganhar dinheiro, fazendo aposta. É um problema que vamos ter que regular, senão daqui a pouco vamos ter cassino funcionando dentro da cozinha de cada casa", afirmou.

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