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Primeiro feirante a receber um pila verde em Santiago, Mauro Batista Romio foi pego de surpresa. Ele tinha ouvido falar do lançamento da moeda, em 2020, quando, um dia, recebeu um pila verde de uma cliente na feira. "Ela queria fazer compras. Me senti na obrigação de não deixá-la ir embora sem os produtos, aceitei. Mas nem sabia quanto valia. Depois, liguei para a secretária de Meio Ambiente [a Andriele, que voltou na atual gestão], e ela me explicou. A partir daí não deixei mais de aceitar", contou ao UOL.
Principal benefício da pila verde para os feirantes e produtores rurais é poder comprar adubo orgânico. Mas não é só isso. Também é possível comprar mudas de hortaliças, frutíferas e até alevinos (peixes que acabaram de sair dos ovos) com um preço abaixo do valor de mercado, se fosse pago em Reais. A movimentação de pilas foi tão grande que foi possível até pagar máquinas que realizam patrulhas agrícolas na zona rural do município.
Lucimar Buzatta Dalenogare, outra feirante, conta que viu o movimento crescer desde a adoção do pila verde. Ela não conseguiu mensurar em porcentagem, mas disse que ganhou vários clientes fieis que retornam, semana pós semana (a feira acontece às segundas-feiras). "Acredito que o pila foi muito importante para a nossa cidade. Não apenas no ponto de vista econômico, mas pelo lixo que não é despejado no meio ambiente", afirma.
As pessoas tomaram consciência separando o lixo orgânico do reciclável, e vendem sabendo que não só estão recebendo pila, como estão ajudando toda a comunidade
Mauro Batista Romio, feirante de Santiago (RS)
Mumbuca, Vereda, Palma...
Aratu, que ilustra a capa desta reportagem, é a moeda social de Indiaroba (SE). O município, que tem 17 mil habitantes, viu na moeda social a oportunidade de fomentar o comércio local. Em 2022, quando o Aratu foi criado, em homenagem a um marisco comum na região, apenas 32 empreendedores adotaram de imediato. Hoje, já são 350. Iniciativa deu tão certo que a prefeitura de São Cristóvão (SE), a 100 km de distância, anunciou este mês a criação do Bricelet. A moeda digital leva o nome de um biscoito produzido no município, e que é considerado patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe.