Os títulos do Tesouro Direto (NTN-B) dispararam 20 pontos percentuais nesta segunda (16), atingindo o patamar dos piores momentos do governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Dois banqueiros e três chefes de mesa de operação de corretoras afirmam que o movimento ocorre porque investidores só aceitam comprar esses papéis do governo brasileiro mediante um retorno mais elevado após o presidente Lula ter afirmado que "não vai poder mudar" em relação aos gastos públicos.
"Ninguém neste país, ninguém, do mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu", afirmou Lula, em entrevista ao Fantástico, da rede Globo.
"A única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%. Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação. A inflação está 4 e pouco. É uma inflação totalmente controlada. A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todo dia."
A NTN-B [Nota do Tesouro Nacional da Série B] com vencimento em agosto de 2026, que o mercado chama de "mais curta", subiu 20 pontos percentuais nesta segunda, atingindo 8,26%, acima dos 8% do mesmo título em 2015. O papel com pagamento previsto para agosto de 2027 previa 8,12%.
A NTN-B é um título público cuja rentabilidade é híbrida: uma parte fixa e outra, variável. O indicador variável é a inflação medida pelo IPCA.
No entanto, como esses papéis são de longo prazo, costumam ser negociados no mercado com base na taxa projetada de juros. Ou seja: na rentabilidade que o comprador está disposto a pagar.
Como noticiou o Painel S.A., banqueiros e operadores do mercado financeiro consideram que o governo não deve cumprir a promessa de apertar os gastos, o que fez disparar os juros futuros.
Com Diego Felix