Painel S.A.: Atriz se firma com carnê da beleza para baixa renda

há 8 horas 2

A atriz Flávia Alessandra fará 51 anos, dos quais 35 foram na Globo, onde ela ficou famosa vivendo mocinhas e vilãs. Desde que a emissora deixou de exigir exclusividade do elenco, ela passou a ter voo solo com uma produtora e se tornou empresária.

Hoje, ela tem um canal próprio com vídeos de dicas de treinos, gravou uma novela para um portal, faz conteúdo para streaming e se prepara para um novo trabalho na Globo. É sócia da rede de franquias de estética Royal Face, que dobrou desde sua chegada com o Crediário da Beleza, um carnê, como aquele antigo das Casas Bahia, que facilita os pagamentos para embelezar mulheres de classes C e B.


Seus negócios giram em torno de beleza e bem-estar. As duas coisas andam juntas?
Tenho estudado pesquisas sobre o tema. Basicamente, são oito os pilares do bem-estar. A aparência e a saúde financeira estão entre eles. Antes, só se falava da atividade física e da boa alimentação. A coisa foi se ampliando, envolve sono, gestão de estresse. A beleza entra nesse lugar de se olhar no espelho e se reconhecer feliz, de atingir sua autoestima para ter coragem de encarar a vida, o trabalho e as reuniões com câmeras (risos). Cada vez mais, estamos no mundo das telas e, nesses espelhos, a gente precisa se reconhecer.

Como essa mensagem vira dinheiro na Royal Face, por exemplo?
Os brasileiros têm pudores, tabus em torno do lucrar. Ainda mais se for a mulher fazendo dinheiro. Uma pessoa sem equilíbrio financeiro não terá bem-estar, não se sentirá bonita.

O negócio então é voltado às mulheres?
Não necessariamente. Temos muitos homens frequentando as clínicas. A tecnologia ajudou a democratizar o acesso das pessoas [a qualquer coisa ou serviço]. Tive uma carreira maravilhosa dentro da Globo, dos 15 aos 50 [anos] eu trabalhei lá, sou muito grata a isso. Mas queria agenciar minha carreira, fazer coisas antes distantes de mim [devido à TV]. Queria ter meu próprio estúdio, estar em um lugar de conversa mais próximo, principalmente das mulheres. Foi disso que nasceu UTreino [canal de dicas de exercícios físicos]. Procurava também algo da área da estética, porque atravessei minha vida diante das câmeras e virei referência para as mulheres de como estar bem [aos 50]. Foi quando surgiu o convite da Royal Face.

Tratamentos estéticos costumam ser caros. Como esse negócio atende suas fãs para ficarem tão bonitas quanto você?
Quando entendi o modelo de negócio deles, meti a cara. Falei: ‘é isso que eu quero, um lugar que democratize o acesso [à beleza] para pessoas que achavam que jamais pertenceriam a esse lugar’. Acabei me tornando sócia. Não queria só ser garota-propaganda. Como a rede é grande, já somos os maiores compradores de algumas marcas internacionais de grandes laboratórios. Eu já tinha até feito propaganda de algumas antes. Com isso, nossa margem é melhor e isso reduz o preço final ao consumidor.

Qual o faturamento e quanto a rede cresceu desde que ingressou nela?
Entrei em 2022 e, naquele momento, acho que eram 150 lojas. Hoje temos 300 contratadas e 270 abertas. A rede faturou R$ 300 milhões no ano passado.

Como cresceu tanto, se o público é de baixa renda?
A gente só não bate no público A, que não abre mão daquela pessoa que já o acompanha [nos tratamentos]. Mas, hoje, atendemos desde a empregada até a pessoa que assina a carteira dela. Antes, o público era mais da classe C e já temos a B. Há histórias ótimas da patroa que achava que a empregada estava sendo enganada por usar um produto pagando tão barato. Ela foi lá conferir e virou cliente.

Mas como elas pagam?
Criamos o Carnê da Beleza e dividimos tudo em 24 vezes, tanto o procedimento quanto o serviço. A maioria das nossas clientes nem tinha cartão e pagava com dinheiro. Desenvolvemos uma metodologia de análise de crédito que roda ali, na hora. A inadimplência é quase zero.

E os homens?
A presença masculina já é relevante e, por isso, o Otaviano [Costa] também entrou como sócio. É um negócio do casal. Há homens jovens, mas, nesse caso, é mais relevante a presença de mais velhos.

Acha que o machismo está reduzindo?
Essa batalha existe. Nossa sociedade é machista e conservadora. As pessoas têm vergonha de falar [que cuidam da beleza]. Tanto que a Royal não tem loja em shopping. Além de encarecer demais, por causa do aluguel, a pessoa não quer ser vista entrando numa clínica, principalmente o homem.

Você já posou nua duas vezes e, só agora, quase aos 51, vai desfilar em uma escola de samba. Tem pressão para que tire a roupa e coloque a beleza à prova?
Vou sair no Salgueiro, na ala do cangaço, e ainda não definimos como será. Provavelmente, vou no chão, que é muito mais emocionante. Todo mundo fica perguntando como estou preparando o corpo para o carnaval. É um teste de resistência dosar o samba, a respiração, o calor, a emoção. Estou preparando o corpo para atender a essa performance e não para ficar com a bunda X, Y ou Z.

A cobrança pela beleza é maior com a idade?
A boa forma é para as mulheres especialmente. Não pode ficar nada fora do lugar. É o etarismo e o machismo. Não existe a mesma cobrança do homem. Pelo contrário, é ok o homem galanteador de cabelo grisalho com uma barriguinha. As mulheres não podem ter cabelo branco.


RAIO-X

Flávia Alessandra, 50

Atriz e advogada. Ela chegou a se formar em Direito e a ter um escritório, mas tornou-se estrela de novelas da Globo com papéis célebres como o de Lívia (Porto dos Milagres), Cristina (Alma Gêmea) e Dafne (Caras & Bocas). Estará na nova edição de Eita Mundo Bom.

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