A gestão Ricardo Nunes (MDB) tem expandido a rede de atenção básica e especializada de saúde com pouca margem de manobra no orçamento.
No ano passado, a Saúde teve que suplementar R$ 3 bilhões para bancar o funcionamento de unidades básicas (UBS) e de pronto atendimento (UPAs) geridas por organizações sociais.
Neste ano o orçamento para essas rubricas tem R$ 400 milhões a menos do que o valor gasto em 2024, e a gestão continua inaugurando unidades, o que colocará mais pressão sobre o orçamento.
Foram 8 UPAs e 11 UBS novas em 2024, com promessa de outras 6 UPAs e 13 UBS neste ano. Os equipamentos custam cerca de R$ 872 milhões por ano, considerando o valor médio pago em outros contratos de gestão analisados pela reportagem.
O cobertor era longo para gastos extras durante o ano eleitoral, já que a Prefeitura teve superávit de R$ 3,3 bilhões em 2023. Mas o superávit de 2024 foi menor, apenas R$ 1,1 bilhão.
O secretário municipal de Saúde reconheceu que será necessário suplementar o orçamento novamente este ano, mas não antecipou de onde virá o dinheiro.
"Eu fiz um trabalho junto com a Fazenda mostrando quais são os impactos [das novas unidades] e eles fazem a suplementação", afirmou Luiz Carlos Zamarco em entrevista à Folha. "Por isso que eu brinco que o secretário da Fazenda foge de mim desde o começo do ano."
Procurada, a Prefeitura afirmou que o orçamento inicial de 2025 para as rubricas mencionadas é de R$ 8,1 bilhões, 22% superior ao aprovado para 2024, e que também pode ocorrer suplementação.
"Portanto, não há o que se falar sobre falta de recursos", afirma a nota da gestão. "O comparativo feito pela reportagem entre valores empenhados em um ano e inicialmente orçados em outro é inadequado por desconsiderar que o orçamento está sujeito a essas movimentações durante o ano".