Condenado pela Justiça por abusar da sobrinha de 9 anos, o médico Milton Seigi Hayashi, 62, foi homenageado em sessão na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) no dia 27 de março com a Medalha Cinquentenário das Forças de Paz do Brasil.
A honraria foi concedida pela Associação Brasileira das Forças Internacionais da Paz da ONU (Abfip/Onu). A sessão solene foi proposta e presidida pelo deputado estadual Capitão Telhada (PP).
Hayashi, de Birigui (SP), foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em junho de 2024, a 16 anos e 4 meses de reclusão pelo crime de estupro de vulnerável, com o agravante de ser tio da vítima.
Em áudio gravado pela mãe da criança, o médico diz que chegou a colocar o dedo na vagina dela, e que "aconteceu de passar a mão no bumbum" enquanto estavam na piscina.
O caso ocorreu em 2022. O médico está recorrendo da condenação ao Superior Tribunal de Justiça.
Outro lado
Ao Painel, o médico afirmou que houve toque sem cunho sexual, no momento em que tentou salvar a criança de um acidente na piscina e que foi vítima de tentativa de extorsão.
"O pai da criança veio pressionando, planejou tudo, e mãe era pau mandado dele. Só que o processo de extorsão provavelmente foi arquivado porque o autor bateu com as botas, infartou e foi para o inferno", diz o médico. "A mãe e a menina gostam muito da gente."
Em nota, a assessoria de imprensa da Alesp disse que o evento é de inteira responsabilidade da Abfip e que tal honraria não está entre as listadas como oficiais do Parlamento paulista.
"O espaço foi solicitado pelo gabinete do deputado Capitão Telhada (PP) para a realização deste ato solene e a instituição Alesp, por sua vez, apenas cede o local", diz.
O gabinete do deputado Telhada afirmou que não possui qualquer vínculo com o médico e que a sessão foi realizada a partir de solicitação da associação e com a autorização da Alesp.
"A definição dos homenageados é de inteira responsabilidade da Abfip, sem qualquer envolvimento ou interferência do gabinete do deputado", diz.
Já a Abfip diz que tomou conhecimento da condenação através da reportagem e que será instaurado procedimento interno para apuração dos fatos e possível cassação da outorga.
"O médico foi indicado após análise de documentos, informações prestadas pelo médico e notícias encontradas em redes sociais, bem como referencias apresentadas pelos seus 25 anos de serviços prestados como médico, não se tendo conhecimento do processo criminal informado", diz a nota.