O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) deve anunciar na tarde desta quinta-feira (17) o encerramento da greve de fome que havia iniciado no último dia 9, após o Conselho de Ética da Câmara recomendar a cassação de seu mandato.
De acordo com parlamentares próximos, houve um aceno do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que deve se manifestar publicamente na tarde desta quinta na direção de uma saída negociada.
Em abril de 2024, Glauber expulsou da Câmara com chutes e empurrões um militante do direitista MBL (Movimento Brasil Livre).
Integrantes do PSOL e do PT tentavam costurar um acordo para evitar a cassação do mandato do psolista, mas esbarravam na resistência de integrantes do centrão, grupo hoje majoritário na Casa.
De acordo com deputados, Hugo Motta deve propor a suspensão por 60 dias da tramitação do caso após análise de recurso na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). O objetivo seria dar tempo para uma saída que envolva uma punição menos severa, como uma suspensão do mandato ou uma advertência.
O PSOL convocou uma entrevista coletiva para a tarde desta quinta, quando se espera que seja anunciado o aceno de Motta e o fim da greve de fome.
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados recomendou no último dia 9, por 13 votos a 5, a perda do mandato, mesma data em que o congressista do PSOL iniciou a greve de fome. Segundo assessores, ele estava ingerindo apenas apenas água, soro e bebidas isotônicas.
O deputado e aliados improvisaram um colchão do lado da mesa de coordenação do plenário 5 da Câmara, a mesma sala onde o conselho recomendou a sua cassação.
Eventual cassação do mandato do deputado, se concretizada, representará uma medida inédita —a primeira vez que um deputado tem essa punição por uma agressão física.
A história da Câmara é repleta de casos de violência que jamais resultaram em perda de mandato —desde socos desferidos por um parlamentar no rosto de uma colega dentro do plenário, em 1991, até episódios recentes que mencionam chutes, soco na barriga, pisão no pé e violência doméstica.
Apesar da recomendação da cassação, a palavra final é do plenário da Câmara. Antes, Glauber deve recorrer, possivelmente na próxima semana, à Comissão de Constituição e Justiça da Casa. À comissão, cabe analisar se o rito do Conselho de Ética foi cumprido. Caso entenda ter havido irregularidades, o caso pode voltar para nova análise no órgão.