Os melhores livros recém-lançados sobre economia, segundo o Financial Times

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A emergência econômica da China é nada menos que notável. Nas últimas quatro décadas, quase 800 milhões de pessoas saíram da pobreza —e, por algumas medidas, o país já é a maior economia do mundo. Mas muitos agora suspeitam que seu modelo de crescimento, centrado no capitalismo dirigido pelo Estado, chegou ao fim da linha.

Em "Vampire State: The Rise and Fall of the Chinese Economy" (Estado vampiro: ascensão e queda da economia chinesa", em tradução livre), o autor Ian Williams —um correspondente no exterior de longa data, que escreveu extensivamente direto da China— destaca como o Partido Comunista Chinês manteve um controle rígido sobre a indústria, mercados e empreendedores.

Williams argumenta que as principais decisões políticas e reformas sempre tiveram a sobrevivência contínua do partido como principal motivação. Na prática, a economia chinesa tem sido amplamente uma ferramenta do governo, e essa manipulação minou seu desenvolvimento subjacente.

Por meio de vários capítulos detalhados com precisão, ele descreve como Pequim exerce sua influência nos negócios: desde coerção regulatória e intimidação nas salas de reuniões até o desaparecimento misterioso de empreendedores.

Ele explica como regras, acordos e estatísticas podem frequentemente ser manipulados para atender aos fins do partido. E como a burocracia chinesa está organizada em esquemas maquiavélicos, global e nacionalmente —incluindo espionagem industrial— para simultaneamente sustentar e manter o comando da economia.

Esta é uma leitura oportuna e importante. As previsões céticas de Williams sobre o futuro econômico da China são difíceis de contestar, particularmente enquanto o Estado estiver lutando para reviver os "espíritos animais" que enfraqueceram, em parte, devido à recente repressão do presidente Xi Jinping aos criadores de riqueza e empresas de tecnologia.

Ainda assim, com o domínio da China em tecnologias emergentes, minerais críticos e indústrias verdes, também é difícil desprezá-la.

Da China à inteligência artificial. Bilhões de dólares estão sendo direcionados para a IA enquanto as empresas buscam aproveitar os potenciais benefícios da tecnologia para a produtividade.

Mas muitos estão preocupados com o que o uso generalizado da IA pode significar. Em "MoneyGPT: AI and the Threat to the Global Economy" ("DinheiroGPT: IA e a ameaça à economia global"), James Rickards, um especialista financeiro e consultor de investimentos, argumenta convincentemente que o maior perigo não é que a IA funcione mal, mas que funcione precisamente como foi planejada.

Rickards mostra como o uso potencialmente generalizado da IA em setores cruciais —incluindo mercados financeiros e defesa nuclear— deve nos deixar preocupados.

O autor descreve habilmente, por meio de um cenário hipotético perspicaz, como um crash financeiro induzido por IA pode se desenrolar em tempo real, da perspectiva de traders, banqueiros centrais e atores maliciosos.

Isso destaca como corridas bancárias e espirais de vendas redundantes podem atingir velocidade máxima, sob a influência de tecnologias automatizadas. De fato, o livro faz um forte argumento para melhores salvaguardas e limites sobre como os humanos podem terceirizar a tomada de decisões à medida que a tecnologia de IA evolui.

No Reino Unido, todos os olhos estão voltados para Rachel Reeves, chanceler do Tesouro [equivalente a ministra da Fazenda].

Isso porque economia britânica está em uma encruzilhada: o crescimento tem sido fraco por mais de uma década, as demandas sobre o Estado estão aumentando e a carga tributária continua a subir. Em "Return to Growth: How to Fix the Economy, Volume 1" ("Voltando a crescer: como consertar a economia, volume 1), Jon M oynihan, um conservador britânico, fornece um diagnóstico raro e detalhado e um conjunto de recomendações para colocar o país de volta nos trilhos.

O autor faz um argumento moral, muitas vezes subestimado, além de econômico, sobre por que o crescimento deve ser central para os governos —reiterando como o aumento do tamanho do Estado corre o risco de cada vez mais sufocar o setor privado.

Ele então analisa incisivamente o sistema tributário do Reino Unido, regulamentação, gastos do governo e serviço público, delineando economias específicas, reformas e ajustes que poderiam liberar o crescimento e reduzir seus freios. Moynihan não mede palavras, e embora alguns possam discordar de algumas de suas avaliações sobre os problemas do Reino Unido —e suas soluções— esta é uma contribuição altamente valiosa para um debate que muitas vezes pode carecer de detalhes.

Finalmente, Bronwen Everill, professora de história na Universidade de Cambridge, em "Africonomics: A History of Western Ignorance" ("Africonomia: uma história da ignorância ocidental") fornece um relato histórico detalhado de como o ocidente e suas agências de desenvolvimento lidaram com o desenvolvimento social e econômico da África ao longo dos últimos séculos.

Everill tenta explicar, por mmeio de uma série de estudos de caso, como as noções ocidentais de comércio, atividade econômica, dívida e relações sociais podem ter colidido com as realidades locais. Embora seja realmente incerto como a África poderia ter emergido se as normas e culturas locais tivessem se desenvolvido por conta própria, sem influência ocidental, Everill está convencida de que a agenda econômica do Ocidente —embora cheia de boas intenções— criou problemas significativos para o continente.

Uma exploração mais profunda da ligação entre o pensamento centrado no Ocidente e as falhas políticas no terreno é certamente justificada. Ainda assim, esta é uma leitura historicamente perspicaz, com a autora reforçando, em última análise, a ideia de que a política de desenvolvimento esteja enraizada em uma melhor compreensão dos ambientes locais.

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