Opinião - Plástico: SP-Arte terá Di Cavalcanti de R$ 8 milhões, Volpi de R$ 6 milhões e pesos pesados

há 2 dias 3

O mercado da arte está de cara feia no mundo todo. As vendas vivem uma queda livre diante da volatilidade de mercados centrais na feira das vaidades —um estudo recente da Artprice, que monitora o mercado mundial, aponta queda de mais de um terço no volume desse comércio no ano passado, o que quer dizer que estamos de volta a números de 2009, na ressaca do cavalo de pau que a economia global tomou no ano anterior com o derretimento do mercado imobiliário.

Temores com as ameaças do tarifaço de Donald Trump pelo mundo, sem contar as labaredas que alimentam rumores de uma tentativa de anexação da Groenlândia pelos americanos, as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, o avanço da extrema direita, entre muitos outros fatores, têm feito os colecionadores que importam pisarem no freio.

Não espanta, então, que os canhões desta SP-Arte, a maior feira de arte do continente, que acontece nesta semana, mirem o Brasil, quase uma ilha no ecossistema, asfixiada por tarifas de importação e exportação que fazem do nosso mercado impenetrável e indesejável para os de fora e uma espécie de bolha impermeável para os que aqui vivem.

CONCRETO MAIS CONCRETO Nessa toada, um dos destaques da feira é uma tela de Alfredo Volpi, de sua curtíssima fase concretista para valer, à venda na Gomide&Co, por R$ 6 milhões. É um dos trabalhos mais abstratos do artista das bandeirinhas, que nunca aderiu a vanguarda nenhuma a não ser por esse belo deslize, um mergulho no geometrismo mais puro.

REUNIÃO DO CONDOMÍNIO Outra obra que vai chamar a atenção é um mural de Emiliano Di Cavalcanti, que até pouco tempo atrás estava no saguão de um prédio da avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, de quando Copacabana reunia a elite do país, entre eles a família Bloch, donos do extinto império midiático da TV Manchete e sua revista, que lá costumavam dar boas festas. Depois de longa negociação com os proprietários, a tela pode ser vendida agora por até R$ 8 milhões.

CORES VIVAS A galeria Paulo Kuczynski põe à venda um quadro de Ismael Nery, que não troca de mãos há meio século, por R$ 11 milhões. E a Superfície também mostra algumas joias, uma tela em grande escala de Leonilson, o mural "A Distância entre as Cidades", trabalho de 1986, à venda por R$ 1,65 milhão, e uma instalação de Rubens Gerchman, de 1988, por R$ 1,1 milhão. Outro Leonilson raro, de R$ 1,4 milhão, estará na Vermelho.

NEM TUDO SÃO MILHÕES Na Verve, vale prestar atenção num bordado de Alessandro Fracta, artista em ascensão, por R$ 8.000, e nas fotografias de Mayara Ferrão.

CÁ COM MEUS BOTÕES Depois de ter suas obras vendidas em edição após edição da SP-Arte, Vik Muniz abre uma nova etapa de sua trajetória ao lançar uma linha de móveis na mesma feira. Sua série "Arquétipos", parceria com a marca +55Design, é inspirada nos objetos de uma casa de bonecas, algumas delas enormes botões de camisa.

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