Não existe feriado para quem monta agora a todo vapor a megamostra de Andy Warhol em São Paulo. São quase 600 trabalhos, entre eles obras-primas do artista pop, como "A Última Ceia", releitura monumental do americano da obra de Leonardo Da Vinci com dez metros de largura, que desembarcam com tática de guerra no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado.
Isso porque o tempo é curto, até a abertura para o público em 1º de maio, as obras são avaliadas em centenas de milhões de dólares, e o clima é tenso, com Donald Trump abrindo uma temporada de caça aos museus americanos, com cortes de fundos e uma tentativa deliberada de reescrever a história dos Estados Unidos que é mostrada ao mundo.
Todas as obras, vindas do Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, onde o artista nasceu, foram separadas em três caminhões e três aviões distintos, saindo dos Estados Unidos de três cidades diferentes, em dias e horários também diferentes, para evitar que um possível desastre aéreo destruísse todo o acervo. Em São Paulo, equipes americanas fiscalizam todo o processo de montagem das obras.
Pessoas próximas à organização da mostra comemoram o fato de o contrato para a exposição ter sido fechado antes da eleição de Trump, mas relatam que a equipe de escolta das peças diz que o cerco vem se fechando, com os museus americanos cada vez mais de mãos atadas na liberação do empréstimo de trabalhos.
DREAM TEAM Os grandes hits do gênio pop, como já antecipou a coluna, estarão no museu paulistano. Dos retratos de Marilyn Monroe, Elvis Presley e Jacqueline Kennedy às obras com as latas de sopa Campbell's e a série "Death and Disaster", uma de suas mais radicais. Dessa última, há uma obra rara, uma visão do monte Vesúvio, na Itália, que afogou Pompeia em lava fumegante, feita à imagem technicolor de Warhol. Além disso, a mostra terá fotografias, as célebres imagens Polaroid de celebridades e do próprio artista como drag queen, e 40 de seus filmes, mostrados em três salas distintas.