Opinião - Encaminhado com Frequência: Dinâmica das redes contraria resultados de pesquisas eleitorais em SP

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O primeiro debate entre os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo ocorreu na última quinta-feira (8) na Band. Através da ferramenta de monitoramento da Palver, analisamos a performance e o crescimento de cada pré-candidato em diversas redes sociais. A análise foi realizada ao longo de uma semana, de 3 e 10 de agosto.

Utilizando uma amostra de mais de 80 mil grupos públicos analisados, os dados mostram que a melhor performance foi de Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB), que se distanciaram muito dos demais candidatos em termos de volume e elogios.

Datena (PSDB) apresentou o pior resultado no WhatsApp, com o maior percentual de comentários negativos, apesar de superar Tabata Amaral (PSB) em volume de menções. Nos grupos bolsonaristas, circulam diversos trechos de Marçal no debate, que parece ter conquistado ao menos parte desse eleitorado nessas redes.

No Telegram, Marçal lidera em número de menções, mas é superado por Boulos no dia 10 de agosto. Ricardo Nunes (MDB) aparece empatado com Datena nas duas plataformas de mensageria, mas o atual prefeito conseguiu garantir mais mensagens positivas a seu favor.

Entre todos os candidatos, o maior alvo de críticas é Nunes, atacado por diversos lados do espectro político. Com exceção dele, todos os candidatos obtiveram um aumento de interesse no período analisado.

Na rede social de vídeos curtos, o TikTok, Pablo Marçal representa mais de 36% de todas as menções, seguido por Nunes e Boulos. Ele também é o candidato mais descentralizado, com o maior número de contas que compartilham seus cortes ou o mencionam.

Esse número reflete a rapidez da direita em utilizar os mecanismos e particularidades de cada rede para ampliar seu alcance, neste caso, por meio da replicação de cortes do debate por diversas pequenas contas bolsonaristas que o apoiam.

Ricardo Nunes dominou de forma isolada a exposição na imprensa tradicional durante os últimos três meses, mas foi superado por Boulos e Marçal desde a última quinta-feira. No agregado durante a semana, Nunes segue à frente de Boulos e Marçal, porém, ao analisar os últimos três dias, já é superado por Marçal nas rádios e por Boulos na televisão e em artigos de jornal.

No Twitter/X, o cenário é parecido com as plataformas de mensageria, onde Boulos lidera, seguido por Marçal. Já no YouTube, os líderes em termos de menções são Marçal e Nunes, praticamente empatados. A maioria das menções a Nunes no YouTube advém de canais de comentaristas políticos, que na maioria das vezes o mencionam para contextualizar a prefeitura.

Utilizando dados de outras eleições, é possível ver que candidatos como Pablo Marçal apresentam uma dinâmica de redes similar a candidaturas como a de Paraguyo Cubas (Paraguai) e do atual presidente argentino, Javier Milei. Esses candidatos utilizam um discurso que pode chocar muitos telespectadores, mas já possuem uma base organizada nas redes e têm facilidade para crescer em engajamento.

Em ambos os casos, argentino e paraguaio, os candidatos já demonstravam força na internet antes de crescerem nas pesquisas de intenção de voto. Esse comportamento das pesquisas eleitorais levou a surpresas decisivas nas duas eleições e revela a importância de também analisar o que acontece no ecossistema digital.

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