Na última sexta-feira (26), ocorreu a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. No monitoramento realizado pela Palver nas redes sociais, a presença de Janja e as polêmicas em torno das questões religiosas foram os principais destaques ao longo do final de semana.
No WhatsApp, a apresentação da cantora canadense Céline Dion gerou emoção e elogios em grupos de direita e de esquerda.
Os usuários destacaram a superação da cantora, que desde 2022 enfrenta uma doença rara chamada de síndrome da pessoa rígida. Os comentários apontam que a apresentação dela despertou o verdadeiro espírito olímpico.
Esse, porém, foi um dos poucos temas de consenso nas redes sociais. A repercussão da cerimônia de abertura foi marcada por polêmicas relacionadas ao embate político nacional, com as pautas de costumes, valores e religião ganhando protagonismo.
O maior embate nas redes sociais se deu em torno de um dos momentos finais da abertura, quando parte dos usuários interpretou uma das performances como fazendo alusão ao quadro "A Última Ceia", obra de Leonardo da Vinci, pintada no século 15 e que é uma representação de um trecho bíblico que narra a ceia de Jesus com seus apóstolos antes de sua prisão e crucificação.
Outros interpretaram a encenação como sendo uma referência ao quadro "A Festa dos Deuses", do pintor holandês Jan Hermansz van Bijlert, e, portanto, não um ataque religioso.
O diretor artístico dos Jogos de Paris, Thomas Jolly, se posicionou no domingo (28) dizendo que não se inspirou na obra de Da Vinci, mas que a ideia era "uma grande festa pagã conectada com os deuses do Olimpo".
Na abertura dos Jogos, a perfomance contou com drag queens na representação, o que levantou a discussão sobre uso de elementos religiosos em forma de paródia. O vídeo com esse trecho da cerimônia foi bastante divulgado e sempre seguido por comentários negativos.
Houve uma forte crítica direcionada a Thomas Jolly, que foi acusado por usuários de projetar os "jogos da blasfêmia", tendo feito uso de "símbolos pagãos, homossexuais e contra o cristianismo". O que chama a atenção nas críticas é que os usuários repetem e destacam que Jolly é judeu e homossexual.
Diversos usuários, seja em grupos religiosos ou em grupos conspiracionistas, aproveitaram o momento para criar um senso de imediatismo e emergência com relação ao "fim dos tempos". Vídeos com o cavalo carregando a bandeira olímpica foram interpretados como parte de um ritual satânico com o objetivo de anunciar a chegada do anticristo ao mundo.
No sábado (27), Paris ficou parcialmente sem luz, e vídeos foram compartilhados no WhatsApp apontando que seria uma reação divina após "zombarem de Jesus e do cristianismo". Trechos bíblicos foram compartilhados nos grupos para reforçar o argumento apocalíptico.
A ida de Janja aos Jogos de Paris gerou uma onda de críticas das redes sociais. Principalmente vindo dos grupos de direita, a primeira-dama foi atacada por diferentes razões, de forma muito incisiva e violenta.
As críticas se iniciaram logo quando as notícias anunciaram que ela participaria do evento e que seria recebida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-dama da França, Brigitte. No WhatsApp, Janja foi acusada de usurpar o lugar de Lula e que não teria direito de ser recebida com honras de chefe de Estado.
A roupa que Janja escolheu para a cerimônia também foi amplamente criticada na internet e virou alvo de memes disseminados principalmente no WhatsApp e no Telegram. O alfinete utilizado para fechar o decote foi interpretado nos grupos bolsonaristas como um descuido e que a primeira-dama estaria fazendo o Brasil passar vergonha.
É importante destacar que há também muitas mensagens de apoio a Janja nas redes sociais. Alguns usuários apontaram o orgulho de termos uma representante na cerimônia. Também ressaltaram de maneira positiva que a primeira-dama escolheu uma marca brasileira para a ocasião.