Opinião - Claudio Manoel: Atocha a taxa!

há 1 semana 2

Na semana passada, que certamente marcará muitas que ainda virão, o mundo foi chacoalhado com a trollagem tarifária, a mais estrepitosa extravagância cometida por Donald, o Inacreditável.

Para mostrar não quem manda, porque isso todo mundo já estava acostumado a saber, mas que quem manda agora é muito doido e joga o que quiser no ventilador, The Orange Man ligou o fod@-se e saiu distribuindo taxação para tudo que é lado.

Sobrou até para ilha que só tem pinguim, talvez com o pretexto de defender o "similar nacional", criando alguma espécie de reserva de mercado para os pinguins nativos, que se sentem ameaçados pela competição desleal de aves migratórias não estadunidenses.

Não deixa de ser irônico, mas não é engraçado, que o presidente do país que teve sua independência originada por uma guerra contra as taxações abusivas impostas pela Coroa seja um coroa cuja principal bandeira é uma guerra tarifária reversa contra todo mundo.

Em nossas latitudes e história, discursos, projetos, medidas e decretos em nome dos protecionismos, nacionalismos, reservas de mercado, autossuficiências e outras pajelanças mais não chegam a ser novidade. Bota tudo isso na boca de um dos nossos costumeiros fanfarrões e ninguém estranharia.

O que é bizarro, mas não divertido, é que o país que sempre teve o "livre comércio" como valor, identidade e peça de propaganda, acima até de Hollywood, do baseball, do jazz, da junk food e dos serial killers, agora onere de forma inédita e mastodôntica as transações comerciais entre nações, empresas e consumidores.

Analistas de todo o mundo, ainda vivenciando o choque, se dividem entre os que acham que tudo vai dar errado e os que acreditam que isso não é o pior.

Mas será que há razão para tanto pessimismo? Afinal, não é porque uma coisa que tem tudo para dar errado e sempre fracassou quando e onde foi tentada não possa ser novamente implementada e ter péssimos resultados em outras conjunturas e localidades.

Mas, como dizem que os chineses dizem, toda crise, além de clichês, gera também oportunidades.

Com o aumento do custo dos importados, do Nike americano made in Vietnã até o iPhone, que, na real, é feito na China, a galera ianque vai descobrir os valorosos serviços de um profissional que já foi muito conhecido dos brasileiros: o contrabandista.

Em breve, veremos sacoleiros americanos trazendo muamba do México, e isso não deixa de ter alguma graça.

Outra hipótese ainda mais otimista é que tudo isso não tenha passado de um "ataque de pelanca", causado por ciúme do interesse da mídia pelo remake de "Vale Tudo".

Agora que ele provou que é o maior vilão, o verdadeiro Topete Roitman, as coisas devem se acalmar.

Vamos aguardar. Rezar... ou baixar um ebó. Sei lá.

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