Opinião - Bruno Boghossian: Datafolha: Onda de Marçal é consistente, mas ainda não virou tsunami

há 3 meses 12

A onda de Pablo Marçal (PRTB) na eleição da capital paulista se mostrou consistente e volumosa, mas não virou o tsunami projetado pela campanha do ex-coach. A nova pesquisa Datafolha indica que os três líderes da corrida têm uma base sólida o suficiente para manter o jogo aberto por mais algumas semanas.

A freada brusca de Marçal sugere que sua candidatura enfrenta um momento diferente da euforia do início da campanha. Alvo de quase todos os adversários, ele manteve um patamar que o consolida como nome competitivo e cercado de apoiadores convictos: 70% de seus eleitores dizem que não mudam de voto.

A artilharia que destacou o passado e as ligações do ex-coach, porém, parece ter contribuído para interromper sua trajetória de alta. Desde a última pesquisa, Marçal se tornou mais conhecido e viu sua rejeição subir de 34% para 38%. De cada dois eleitores que o conhecem, um diz que não vota nele de jeito nenhum.

A recuperação de Ricardo Nunes (MDB) está na outra face desses dados. Marçal tem boa vantagem na partilha de eleitores que votaram em Jair Bolsonaro em 2022, mas o prefeito segurou 31% desses votos num momento em que havia a expectativa de uma fuga em massa para o ex-coach.

Ameaçado de deserção, o prefeito manteve trincheiras importantes e conseguiu um avanço entre eleitores de baixa renda —faixa em que encontra os melhores índices de avaliação de seu governo. Foram os primeiros sinais do funcionamento da máquina municipal, forte nas periferias, e da propaganda na TV.

Na disputa pelo eleitor mais pobre, que representa cerca de um terço dos paulistanos, a dificuldade de Guilherme Boulos (PSOL) se mantém como principal problema de sua campanha. A entrada de Lula na televisão e a esperada desidratação de José Luiz Datena (PSDB), que vai relativamente bem nesse segmento, não renderam fôlego ao deputado.

A um mês da votação, a persistência do empate triplo cria um cenário que tende a alimentar apelos mais radicais ao voto útil. Boulos depende de uma adesão firme de eleitores de esquerda, enquanto Nunes reforça a ideia de que Marçal seria derrotado no segundo turno.

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