Até saída dos EUA do Acordo de Paris pode afetar o Brasil. Essa decisão, segundo Fernando Canutto, levantou preocupações sobre o compromisso global no combate às mudanças climáticas e pode minimizar as iniciativas ambientais internacionais nas quais o Brasil está tentando encabeçar. "Além disso, a postura mais nacionalista dos EUA exige maior colaboração de países como o Brasil, que precisam buscar diversificar parcerias comerciais e fortalecer o mercado interno para reduzir os impactos dessas medidas", complementa.
Próximas decisões são imprevisíveis, e isso é algo para se ter atenção. Para Bruno Corano, economista da Corano Capital, aumento da inflação lá também pode repercutir aqui. "Pode gerar um processo inflacionário americano que vai impactar o Brasil, porque com o aumento da inflação americana e um possível aumento de juros, mais capital tende a ser direcionado para o dólar, enfraquecendo moedas como real", analisa.
Venezuela é a 'bola da vez'
Venezuela também é alvo da mão pesada na economia. Além da disputa por causa da extradição de imigrantes ilegais e que, segundo Trump, fazem parte de facções criminosas, o presidente americano anunciou que vai taxar produtos de todos os países que negociarem petróleo, direta ou indiretamente, com a Venezuela. A taxa seria de 25%, mas ainda não há uma ordem executiva assinada.
Se do ponto de vista do direito internacional a ação é legal, acordo na OMC (Organização Mundial do Comércio) diz que não. Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior e partner da Saygo Comex, explica que o acordo assinado por todos os países, incluindo os Estados Unidos, não permite que Trump tome esse tipo de decisão porque não há um "motivo claro" como a organização determina —diferentemente do caso do aço, onde não há nenhuma infração às regras, uma vez que é permitido aos países adotar medidas de protecionismo econômico, desde que justificadas e baseadas em estudos.
Cabe aos países que estão sendo prejudicados entrar com uma reclamação na OMC pra que seja ação seja investigada. Ainda que Stefânia explique que podem haver várias punições, como sanções econômicas, multas e até prisão —em casos mais extremos, ela acredita que isso provavelmente não vai acontecer, justamente por se tratar dos Estados Unidos.