Ainda assim, a filosofia também desempenhou um papel aqui. Veja os grandes modelos de linguagem, como o que alimenta o ChatGPT, que produz textos de conversação. Eles são modelos enormes, com bilhões ou até trilhões de parâmetros, treinados em vastos conjuntos de dados (que normalmente abrangem grande parte da Internet). Mas eles essencialmente rastreiam —e exploram— padrões estatísticos de uso da linguagem. Algo muito parecido com essa ideia foi articulado pelo filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein em meados do século 20: "O significado de uma palavra", disse ele, "é seu uso na linguagem".
Portanto, a filosofia contemporânea, e não apenas sua história, é relevante para a IA e seu desenvolvimento. A tecnologia LLM (Large Language Model, "grande modelo de linguagem") poderia realmente entender a linguagem que processa? Será que ela pode alcançar a consciência? Essas são questões profundamente filosóficas.
Até o momento, a ciência não conseguiu explicar totalmente como a consciência emerge das células do cérebro humano. Alguns filósofos até acreditam que esse é um "problema tão difícil" que está além do escopo da ciência e pode exigir uma ajuda da filosofia, que estuda o conhecimento, o saber, a existência, a razão, a mente.
De forma semelhante, podemos nos perguntar se uma IA geradora de imagens poderia ser realmente criativa. Margaret Boden, cientista cognitiva britânica e filósofa da IA, argumenta que, embora a inteligência artificial seja capaz de produzir novas ideias, será difícil que avalie-as como o fazem pessoas criativas.
Ela também prevê que somente uma arquitetura híbrida (neural-simbólica) —que use tanto as técnicas lógicas quanto o aprendizado profundo a partir de dados— alcançará a inteligência artificial geral, ou generalista.
Valores humanos
Voltando ao anúncio da OpenAI, quando perguntado sobre o papel da filosofia na era da IA, o ChatGPT nos sugeriu que (entre outras coisas) ela "ajuda a garantir que o desenvolvimento e o uso da IA esteja alinhado com os valores humanos".