O desmatamento para abrir pastos para criação de gado continua. Entre 2012 e 2022, 129 mil km² da Amazônia viraram pasto ou lavoura, de acordo com o Mapbiomas. E isso tem relação direta com emissões de gases de efeito estufa: a categoria "mudança do uso da terra" foi responsável por 48% das emissões do país e a agropecuária, sozinha, responde por 27% do total em 2022, de acordo com dados do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa).
Gases de efeito estufa. Além do desmatamento derrubar árvores que absorveriam gases de dióxido de carbono, a criação de gado também é uma grande poluidora. Isso porque, durante seus processos digestivos, o gado emite metano, um gás que causa ainda mais estragos no efeito estufa. Calcula-se que a agropecuária seja responsável por 75% das emissões de gases relacionados ao aquecimento global.
Fake news e distorções
Embora as denúncias sejam baseadas em questões reais, é importante notar que nem toda carne brasileira é produzida em áreas desmatadas ou com práticas não sustentáveis. O Brasil já tem programas de certificação e rastreamento da carne que começam ainda na fazenda com o boi vivo, o que demonstra que há esforços para adotar práticas mais responsáveis no setor.
A Carne Carbono Neutro (CCN), por exemplo, é uma certificação brasileira desenvolvida pela Embrapa para promover uma produção de carne bovina sustentável, que compensa as emissões de gases de efeito estufa associadas à pecuária. O sistema utiliza práticas como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e sistemas silvipastoris, onde árvores cultivadas nas áreas de pastagem capturam carbono da atmosfera, neutralizando as emissões de metano dos bovinos. Além disso, a CCN envolve critérios rigorosos de manejo sustentável, rastreabilidade e bem-estar animal.
O que é o acordo?
O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul vem sendo negociado há 25 anos. Na semana passada, em um debate de mais de quatro horas no Legislativo francês, deputados lançaram duros ataques contra a carne brasileira, acusando-a de ser "tóxica e cancerígena para os consumidores europeus". Um dos parlamentares ainda alertou sobre o "lixo" que chegaria aos pratos dos franceses se a UE abrisse seu mercado.