Diante das más notícias que pairam sobre a Nissan desde o mês passado, integrantes da rede de revendedores da marca nos Estados Unidos têm se mostrado bastante apreensivos e preocupados. Na tentativa de acalmá-los, o presidente da empresa nas Américas, Jérémie Papin, enviou comunicado interno e pediu “paciência e compreensão” até que a situação de crise atual seja resolvida.
Segundo Papin, a Nissan se concentrará em melhorar sua linha de produtos e prometeu aumentar as vendas para voltar a gerar lucratividade para a rede. "Estamos trabalhando diligentemente para implementar ações de recuperação que trarão estabilidade e valor futuro", disse. Segundo a agência de notícias Automotive News, a lucratividade média das concessionárias Nissan dos EUA caiu para o nível mais baixo em quase 15 anos.
Levando em conta o recorte da última década, as vendas da marca no mercado norte-americano caíram de 1.131.965 veículos para cerca de 834.097 unidades. Ao mesmo tempo, as vendas da divisão de luxo Infiniti recuaram de 116.455 para 64.699 unidades (declínio de quase 45%). Segundo analistas, a Nissan perdeu espaço depois por não acompanhar a onda de híbridos e híbridos plug-in nos últimos anos e acabou deixando o caminho livre para Toyota, Hyundai e Kia.
Para recuperar o terreno perdido, a marca apostará no ano que vem em diversas opções eletrificadas do SUV Rogue (X-Trail), incluindo configurações plug-in (PHEV) e e-Power. O modelo é atualmente o veículo mais vendido da marca nos EUA e soma 47.996 unidades entregues só no terceiro trimestre. Em seguida vêm Sentra (34.704) e Altima (26.783), também no mesmo período.
Entenda a crise na Nissan
No final do novembro, reportagem do jornal Financial Times revelou que a situação financeira da Nissan é bastante delicada e que a marca está em busca de novos parceiros para tentar sair da crise. A sobrevivência da empresa depende da adoção de medidas amargas a partir dos próximos meses (incluindo cortes e demissões) e, principalmente, da entrada de um novo investidor âncora no negócio para sustentar as operações daqui em diante.
De acordo com o jornal, dois altos executivos que preferiram não se identificar revelaram que a Nissan "tem 12 ou 14 meses para sobreviver” e que a situação “é muito difícil". Rumores indicam que a Honda, já parceria da Nissan no desenvolvimento de elétricos, poderá ser o tão esperado 'investidor âncora'. O ex-CEO Carlos Ghosn, inclusive, foi o primeiro a apontar que a aproximação entre as duas marcas no mercado de EVs guardava outros interesses por trás.
Foto de: Nissan
Os problemas financeiros da Nissan têm aumentado nos últimos meses devido à queda nas vendas em seus dois maiores mercados globais: China e Estados Unidos. Neste último, por exemplo, a capacidade de produção foi reduzida em 17% para acompanhar a retração. Em todo o mundo, a marca planeja demitir pelo menos 9.000 funcionários e reduzir o ritmo de fabricação em 20%. Além disso, anunciou recentemente que cortará parte dos salários de seus principais executivos.
A Renault, considerada parceira histórica da Nissan, reduziu sua participação na marca de 43,4% para menos de 36% no ano passado. O valor das ações da Nissan acumula queda de 36% nos últimos 12 meses.