Na boca do povo: suposta taxação do Pix é tema mais comentado nas redes, diz pesquisa

há 3 horas 1

Apesar dos desmentidos oficiais da Receita Federal e do Ministério da Fazenda, a preocupação sobre uma suposta taxação sobre as transferências feitas via Pix entrou, definitivamente, na ordem do dia, se tornando um assunto debatido no cotidiano dos brasileiros. 

É o que mostram os dados de uma pesquisa divulgada pela consultoria de negócios Timelens, com base em citações nas redes sociais e buscas pelo tema nas plataformas digitais nos últimos 30 dias. Foram mapeados cerca de 1,2 milhão de menções no YouTube, Instagram, TikTok e X (antigo Twitter) nesse período. 

De acordo com o levantamento, obtido pelo InfoMoney, a suposta taxação do Pix foi o assunto mais comentado nas redes no último mês, entre todos os temas relacionados ao Pix, com 30,99% de citações. Em segundo lugar, estão as notícias falsas, que receberam 12,24% das menções. 

Na sequência, aparecem críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (10,53%); fiscalização do Pix (6,87%); críticas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (6,42%); dúvidas sobre fiscalizações e taxações (2,77%); consequências aos empreendedores (2,13%); novas regras para o Pix (1,73%); esclarecimentos de dúvidas (1,68%); comerciantes e autônomos rejeitando o Pix (1,49%); e outros (23,15%). 

Pix na boca do povo

Ainda segundo a pesquisa da Timelens, o Pix aparece em primeiro lugar na lista de assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos 12 meses, com 28,43% das menções. 

O tema superou a preocupação dos brasileiros com a alta do dólar, que agora está em segundo lugar, com 20,12%. Em seguida, aparecem as políticas fiscais (11,23%); as políticas ambientais (8,42%); o presidente Lula (7,32%); e outros assuntos (24,48%).

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Nesse caso, foram mapeados mais de 22,8 milhões de menções no YouTube, Instagram, TikTok e X nos últimos 12 meses. 

Sentimento negativo nas redes

O levantamento também mediu o sentimento sobre o tema Pix nas redes sociais nos últimos 30 dias. 

Segundo a pesquisa, a predominância foi negativa, com 72% das menções nesse viés. Houve apenas 28% de menções positivas a respeito do assunto. 

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Paea esse item, a Timelens monitorou 1,2 milhão de milhões de menções no YouTube, Instagram, TikTok e X no último mês. 

Efeito Nikolas

Um vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), viralizou nas redes sociais e, em um período de apenas 24 horas, ultrapassou a marca de 120 milhões de visualizações no Instagram. 

Na gravação, publicada na terça-feira (14), o deputado reconhece que o Pix não será taxado, mas insinua que a medida poderia estar nos planos do governo mais adiante. “Não, o Pix não será taxado, mas não duvido que possa ser”, diz Nikolas. 

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O parlamentar oposicionista dá a entender que as mudanças no monitoramento de transações eletrônicas por parte da Receita Federal teriam como objetivo a cobrança de Imposto de Renda (IR) de pessoas que movimentam valores cuja origem não tenha sido comprovada. O governo rechaça qualquer ligação entre os controles da Receita e a cobrança de IR. 

O vídeo de Nikolas Ferreira viralizou nas redes sociais nas últimas 24 horas. O nome do deputado está entre os assuntos mais comentados do X (antigo Twitter) e também aparece na lista dos temas mais buscados no Google Trends. 

“O governo quer saber como você ganha R$ 5 mil e paga R$ 10 mil de cartão, mas não quer saber como uma pessoa que ganha um salário mínimo faz para sobreviver pagando luz, moradia, educação, compra do mês e gastos”, afirma o deputado na gravação.

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Nikolas ironiza, ainda, ao dizer que “o amor está custando caro demais” e que o governo só pensa em arrecadar, mas não oferece nada em troca. “Se a gente não parar o Lula, ele vai parar o Brasil”, completa o deputado. 

Por volta de 9 horas desta quarta-feira (15), o vídeo já batia 129 milhões de reproduções no perfil de Nikolas no Instagram, com 3,6 milhões de curtidas e 224 mil comentários. 

Quais foram as mudanças feitas pela Receita

Em setembro do ano passado, por meio de uma Instrução Normativa (IN), a Receita Federal anunciou mudanças no processo de monitoramento de transações financeiras. Apesar de ter sido editada em 2024, a norma só entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025.  

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De acordo com a Receita, além das “instituições financeiras tradicionais, as entidades como administradoras de cartão de crédito e instituições de pagamento devem enviar informações” por meio de uma ferramenta específica de comunicação, a e-Financeira.

A e-Financeira opera dentro do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituído em 2007 e que processa, por exemplo, as notas fiscais eletrônicas.

Segundo o texto da IN, movimentações globais ou saldo, em cada mês, por tipo de operação, terão de ser informados à Receita quando ultrapassarem R$ 5 mil (para pessoas físicas) e R$ 15 mil (pessoas jurídicas). Até então, os limites eram menos restritivos, de R$ 2 mil e R$ 5 mil, respectivamente. 

Desde que as mudanças entraram em vigor, o tema ganhou as redes sociais e foi usado por figuras ligadas à oposição ao governo Lula, que acusaram o governo de tributar as transações via Pix – o que é falso – e de buscar a cobrança maior de IR.

O que diz o Ministério da Fazenda

No último dia 9 de janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), publicou um vídeo no qual rebate uma série de notícias falsas envolvendo a suposta criação de novos tributos e a taxação do Pix, entre outros temas. 

“Pessoal, vamos prestar atenção. Está circulando uma ‘fake news’ que prejudica o debate público, prejudica a política, prejudica a democracia. Essas coisas estão circulando e nem sempre as pessoas têm tempo de checar as informações. Essas coisas são mentirosas e, às vezes, eles misturam com uma coisa que é verdadeira para confundir a opinião pública”, afirmou Haddad, na ocasião. 

O secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, número 2 da Fazenda, também negou qualquer modificação no Pix, ao participar, na noite de terça-feira (14), do Onde Investir 2025, evento organizado pelo InfoMoney.

Durigan explicou que a nova regra da Receita Federal foi necessária para padronizar o envio de informações de movimentações por instituições financeiras, já que algumas reportavam transações com o Pix, enquanto outras tinham dúvidas sobre a necessidade de incluir o serviço nas prestações de contas. 

Durigan ainda ressaltou a importância da fiscalização no combate ao crime organizado, ao destacar que “a Receita é a grande responsável por subsidiar autoridades criminais na apuração de crimes”.

“Faça e receba seus Pix, a Receita Federal não quer prejudicar ninguém, pelo contrário, quer proteger o cidadão brasileiro”, concluiu. 

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